São Paulo, quinta-feira, 4 de dezembro de 1997
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Primeira versão da obra foi fracasso

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Ter escrito quatro versões para a abertura de "Fidelio" não foi o maior trabalho que Beethoven teve com sua única ópera.
O início da primeira ária de Florestan foi esboçado 16 vezes; o compositor deixou 346 páginas de rascunho e precisou de mais duas pessoas (Stephan von Breuning e Georg Treitschke) para revisar o libreto de Joseph Sonnleithner.
A trama é simples: em Sevilha, Leonore se veste de homem e assume a identidade de Fidelio para tirar da prisão o fidalgo Florestan, seu marido, injustamente encarcerado por um adversário político, Don Pizarro.
Não há muita sofisticação na caracterização psicológica dos personagens. Os bons são sempre bons, os maus são sempre maus e, no final, a liberdade é celebrada em um esfuziante hino em dó maior.
O tema da luta contra a opressão agradou imensamente ao compositor, que estreou a ópera em 1805, em Viena -na época, ocupada pelas tropas napoleônicas.
A versão original de "Fidelio" (disponível em recente gravação de John Elliot Gardiner, com o título "Leonore") foi um fracasso, levando Beethoven a encurtar a ópera e revisá-la já em 1806.
Novas modificações foram feitas. A versão tida como definitiva estreou em 1814, conseguindo finalmente sucesso -o público vienense associou a ópera à derrota de Napoleão, que acabara de ser exilado na Ilha de Elba pelo tratado de Fontainebleau.
Para os ouvidos de hoje, o que pode compensar a fragilidade da ação cênica é o poder da música. Entre influências de Mozart e dos compositores franceses de sua época, Beethoven começa a marcar aí as principais características de sua música -há quem veja, no final de "Fidelio", o prenúncio do último movimento da Nona Sinfonia.
(IFP)

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