São Paulo, sábado, 6 de dezembro de 1997
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Autor escreve como repórter e ator

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Um jornalista/artista que trocou a redação pelo palco, Oswaldo Mendes escreve como um repórter e um ator.
Escreve como Ademar Guerra, no papel do diretor com quem trabalhou e conviveu por mais de duas décadas.
"O Teatro de um Homem Só" é um relato em primeira pessoa, na voz de Ademar Guerra, não de Oswaldo Mendes. No dizer do autor, é uma mistura de palavras ouvidas ou "pressentidas".
O diretor pode ter falado aquilo em alguma conversa ou entrevista ou pode simplesmente não ter falado, mas falaria. E o texto -melhor dizendo, a fala- corre solto, como se o personagem estivesse de fato conversando, ali.
Relembra, quase sempre com distância e alguma melancolia, passagens de uma trajetória de sucessos e insucessos, com inadequação aos primeiros e inesperada felicidade nos segundos.
Daí o "homem só", descrição que vale tanto para o homem tímido como para o artista que jamais se conteve em linhas, grupos ou nem sequer no próprio teatro.
Depoimentos
Mas "O Teatro de um Homem Só" traz, no todo, três "livros". O central e mais envolvente é a "autobiografia", mas os outros dois (um de críticas e lembranças de outras pessoas, intercalado e ilustrativo da narração; o outro é uma reunião de depoimentos, no final) enriquecem a leitura.
Nesses dois "livros", o melhor está certamente nos depoimentos de Antunes Filho, diretor com quem Ademar Guerra começou no teatro -e com quem brigou no correr de décadas.
Um trecho de Antunes, sobre Ademar Guerra: "Nunca bebeu, que me lembre. Mas fumava. Fumava de encher o saco. Lia umas coisas macabras. Amava musicais!" (NS)

Livro: Ademar Guerra: O Teatro de um Homem Só
Autor: Oswaldo Mendes
Lançamento: dia 9, a partir das 19h30, no teatro Ruth Escobar (r. dos Ingleses, 209, tel. 011/289-2358)
Quanto: R$ 29 (o livro)

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