São Paulo, sábado, 6 de dezembro de 1997
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Sínodo da América 3

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Dentro de uma semana, no dia 12/12, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina, terminará o Sínodo da América, convocado pelo papa João Paulo 2º, em preparação ao Jubileu do ano 2000.
Nos últimos três dias reuniram-se os 12 grupos para elaborar as propostas que representam as fórmulas de consenso do sínodo sobre argumentos considerados de maior importância pelos participantes. O conjunto dessas propostas, unificado pelo grupo de relatores, comporá uma lista que será lida em plenário e distribuída no dia 9/12. Nessa oportunidade os 12 grupos de trabalho voltam a se reunir para analisar as propostas e apresentar eventuais emendas. Submetidas a uma comissão, poderão ser aprovadas e inseridas na lista final das proposições a serem entregues ao santo padre. Segue-se o voto definitivo e devidamente assinado de cada membro do sínodo.
Entre os temas que até agora mereceram maior atenção dos grupos, além do encontro pessoal com Jesus Cristo que inspira todo o sínodo, e da opção preferencial pelos pobres em resposta às graves injustiças do continente, figuram a integração fraterna, a dimensão missionária da Igreja, o empenho ecumênico e o incentivo às diferentes vocações do povo de Deus.
Propõe-se, com efeito, que a Igreja na América procure dar exemplo de integração fraterna, superando toda forma de discriminação e favorecendo a acolhida recíproca entre os diversos componentes da população do continente: grupos indígenas, grupos que vieram da Europa, da África e da Ásia e, recentemente, os imigrantes dos países do sul para a América do Norte. Todos têm a mesma dignidade de filhos de Deus e são chamados a viver como discípulos de Cristo na verdadeira fraternidade. Isso inclui uma especial solicitude pelos imigrantes, assegurando-lhes a colaboração de que necessitam para expressar a própria fé na própria cultura e exercer a cidadania com plenos direitos.
A preparação do Jubileu do ano 2000 vem despertando entusiasmo no anúncio do Evangelho, insistindo na vivência pessoal da fé em Jesus Cristo, no mundo pluralista e, às vezes, indiferente e até hostil. Isso requer que as famílias e as comunidades assegurem uma sólida formação baseada na catequese progressiva e permanente. A animação missionária deve levar à colaboração entre as dioceses e ao zelo para levar a mensagem de Cristo para além de nossas fronteiras.
Os membros do sínodo manifestam o seu reconhecimento pela dedicação dos presbíteros e diáconos, pela fidelidade da vida consagrada e pelo testemunho dos leigos e leigas que não só assumem serviços na comunidade, mas procuram atuar na transformação da sociedade, promovendo o respeito à vida e à dignidade da pessoa humana.
O empenho ecumênico não é opcional na Igreja. Faz parte integrante de sua missão. Para responder ao anseio do Cristo de que "todos sejam um" (Jo 17,21) é indispensável reconhecermos nossa responsabilidade nas divisões que marcaram a história da Igreja. Intensifiquemos a oração pela unidade, a partilha da palavra de Deus e a cooperação na promoção da justiça em comum com os irmãos das várias Igrejas.
O Sínodo da América, convocando-nos à conversão, à comunhão e solidariedade, ajuda-nos a viver com novo ardor o tempo litúrgico do advento de Jesus Cristo.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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