São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997
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Desemprego leva o FGTS a ter déficits

Retiradas do fundo superam depósitos

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O crescimento do desemprego está comprometendo o fluxo financeiro do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Ao mesmo tempo em que os depósitos do fundo vêm diminuindo (desde agosto passado), crescem os saques.
A arrecadação mensal que advém das empresas caiu de R$ 1,06 bilhão, em agosto, para R$ 1,023 bilhão em novembro. Elas são obrigadas a recolher 8% sobre o salário mensal de cada trabalhador registrado em carteira.
O melhor desempenho deste ano foi registrado em janeiro, com um total de R$ 1,355 bilhão, por causa do recolhimento do 13º salário.
A arrecadação líquida mensal (receitas menos saques) está negativa. No ano, o pior resultado foi registrado em outubro, quando o saldo ficou em menos R$ 257 milhões.
No ano, apenas os três primeiros meses apresentaram saldo positivo, isto é, depósitos superiores aos saques. Em 96, esse bom desempenho foi apurado em seis meses.
No total, a arrecadação líquida de 97 está negativa. Os saques superaram os depósitos em R$ 637,399 milhões. No ano passado, o resultado foi bem melhor: o saldo acumulado ficou em R$ 512,1 milhões.
Demissões
A assessoria técnica da CEF (Caixa Econômica Federal), o banco gestor dos recursos do Fundo de Garantia, avalia que o aumento das demissões tem provocado o crescimento nos saques.
As demissões sem justa causa são responsáveis atualmente por 70% das retiradas, segundo as estatísticas da CEF. No ano passado, esse mesmo critério correspondia a 60% dos saques.
As retiradas por aposentadoria e problemas de saúde (como Aids e câncer) representam 15% do total, enquanto os saques para construção ou compra da casa própria, amortização de dívidas ou pagamento de prestações de imóveis pelo SFH totalizam os 15% restantes.
Balanço anual
Até novembro deste ano, os depósitos no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço totalizaram R$ 11,651 bilhões, enquanto os saques somaram R$ 12,306 bilhões.
No ano passado, considerando o mesmo período, os saques do FGTS chegaram a R$ 10,287 bilhões e a arrecadação bruta foi um pouco maior, de R$ 10,540 bilhões.
Apesar do crescimento das retiradas do fundo, a arrecadação aumentou neste ano em relação ao ano passado. Comparando os 11 primeiros meses de 97 com o mesmo período de 96 há um aumento de R$ 1,111 bilhão.
Casa própria
As retiradas para compra ou construção da casa própria aumentaram um pouco nos últimos meses. Os números da CEF mostram que os saques com base nesse motivo pularam de 10% do total para 15%.
Esse comportamento pode ser explicado pelo fato de os bancos, ao contrário do que ocorria até poucos anos atrás, ampliaram as ofertas de financiamento para a aquisição da casa própria.

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