São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Setor de construção civil discute redução
MAURICIO ESPOSITO
Amanhã, em São Paulo, ocorre uma reunião sobre o tema entre representantes do Siduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas no Estado de São Paulo) e o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo, filiado à Força Sindical. Além de um possível acordo sobre redução de jornada e salários, as discussões envolverão também a criação de um banco de horas para a categoria, semelhante ao que já ocorre no setor metalúrgico. Esse ponto, por sua vez, promete alguma polêmica. O Sinduscon quer a criação do banco de horas para poder compensar, por exemplo, as horas de trabalho perdidas devido às chuvas, como é frequente no verão brasileiro. Os trabalhadores aceitam a criação do banco de horas, mas querem que as horas compensadas tenham maior remuneração do que as horas de trabalho normal. A discussão sobre redução de salários, por sua vez, pode ser mais difícil do que a ocorrida entre as indústrias de autopeças e os metalúrgicos de São Paulo. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo, Antonio de Sousa Ramalho, será difícil reduzir salário de uma categoria onde o piso salarial para a mão-de-obra sem qualificação é de R$ 314,60 por mês. Redução de salário seria possível somente para encanadores, mecânicos, encarregados e mestres-de-obras, afirma Ramalho. Mesmo para o pessoal qualificado, o piso salarial não é muito maior -R$ 381,60 por mês. Redução, afirma Ramalho, somente para os trabalhadores que ganham mais de R$ 700 por mês. "Mantemos as portas abertas para conversar, mas precisamos garantir estabilidade no emprego de pelo menos um ano para fazer um acordo", avalia Ramalho. A iniciativa para a reunião foi do sindicato patronal e é sinal o temor dos empresários do setor em relação ao primeiro trimestre do próximo ano. Com a alta dos juros e corte nos investimentos públicos, já é dado como certo uma diminuição no ritmo das obras no período e demissões. Somente na cidade de São Paulo, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil avalia que existam 433 mil operários. Desse total, 120 mil não são registrados. "Uma coisa é a promessa de não demitir no setor de autopeças, onde o empregado é mais qualificado e custa mais para o empregador; outra coisa é prometer na construção civil", comparou. Texto Anterior: Férias coletivas adiam ajuste no salário Próximo Texto: Dirigente patronal prefere adiar discussão sobre acordo Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |