São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997
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Unificação é preocupante

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

O euro não é, obviamente, a chave para as portas do paraíso para os países europeus. Pode criar problemas sérios, na medida em que os governos perderão a possibilidade de usar dois dos três mecanismos clássicos para dificuldades.
Não poderão alterar o câmbio e os juros, que serão fixados por um organismo supranacional, o futuro BCE (Banco Central Europeu).
Só sobra o Orçamento para estimular a economia, em caso de necessidade. Mas, assim mesmo, dentro dos limites fixados pelo acordo de Maastricht, que determinou os critérios para a moeda única e só permite déficit orçamentário superior a 3% do PIB em circunstâncias muito especiais.
Se, por exemplo, houver uma recessão na Itália, o BCE só reduzirá os juros, para estimular a economia, caso os demais países estejam igualmente com baixa atividade econômica. Mas, no mesmo caso, se a Holanda ou a Alemanha estiverem em prosperidade, os juros deverão continuar elevados.
Risco de colapso
"Como a Europa, com o euro, vai lidar com recessões regionais?", pergunta Paul Krugman, professor de Economia do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA). Ele próprio responde: "As chances de um colapso são de uma em quatro".
A Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa, em relatório divulgado na semana passada, faz raciocínio parecido, mas já adaptado às consequências da crise asiática. O relatório diz que o impacto na Europa da crise asiáticas tende a ser diferente para cada país. Mas a adoção do euro obriga que a taxa seja igual para todos.
Na prática, significará elevar os juros nos casos da França e da Alemanha, para aproximá-los do padrão vigente nos demais parceiros.
Conclusão da comissão da ONU: "Tal aperto monetário não seria apropriado" em face do risco para a atividade econômica decorrente da crise.
(CR)

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