São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997
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Nova moeda ajudará turistas do Brasil

Moeda única dispensará câmbio

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

O euro afetará não apenas o Brasil, mas cada brasileiro individualmente, sempre que viajar ao continente europeu.
Basta conhecer uma experiência já feita no continente: quem viaja pelos 15 países da União Européia (UE) e compra moeda local em cada um deles chega ao fim da viagem com apenas a metade do que levara, mesmo que não faça gasto algum.
É o custo das operações cambiais, de trocar o marco alemão pelo franco francês, por exemplo.
Esse custo desaparece com o euro, tanto para os 372 milhões de cidadãos da UE como para os turistas.
Para os negócios, as vantagens de eliminar moedas diferentes são até maiores. Hoje, calcula a Comissão Européia, braço executivo da UE, as pequenas e médias empresas, naturalmente menos equipadas que os grandes conglomerados, perdem 62 horas por ano por empregado apenas com a papelada necessária para importar e exportar lidando com 15 moedas diferentes.
Resume o relatório do banco holandês ABN-Amro: "Ficará bem mais fácil comparar preços em países diferentes, o que tornará o mercado mais transparente. Por extensão, aumentará a concorrência em benefício dos consumidores, o que pressionará os preços para baixo".
Custo inicial
Mas esse aparente paraíso para o consumidor terá um custo inicial brutal e fácil de se entender quando se conhece o volume de moedas e notas hoje em circulação nos países da UE.
São 13 bilhões de notas e 76 bilhões de moedas que simplesmente virarão sucata ou peça de colecionador quando o euro for introduzido também na vida cotidiana, a partir de 2002.
Em 1º de janeiro de 99, o euro começa obrigatoriamente apenas para todas as transações governamentais e, paulatinamente, vai se tornando a referência igualmente obrigatória nas áreas financeira e comercial.
O ABN-Amro Bank avalia o custo total da introdução do euro em entre 1% e 1,5% do monumental PIB europeu.
Uma pesquisa da consultoria KPMG, por sua vez, chegou a um custo de US$ 50 bilhões apenas para as grandes companhias européias, ou cerca de US$ 30 milhões para cada uma delas.
Não obstante, "uma grande maioria dos pesquisados acredita que o euro terá um impacto positivo nos lucros", diz Vicky Pryce, a economista-chefe da KPMG.
O que é fácil de explicar: o custo da transição será pago uma única vez. Depois dela, calcula o ABN-Amro, haverá uma economia nos custos de todas as transações da ordem de 0,25% do PIB a cada ano.
Mas o euro é visto igualmente como um cimento político: "Não há nada mais político do que o dinheiro. Quando cada europeu tiver um euro no seu bolso, o dinheiro nos unirá como os norte-americanos são ligados pelo dólar", diz Richard Descoings, diretor do Instituto Francês de Estudos Políticos.

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