São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997
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Clinton ganha cão e mais popularidade

Presidente pede ajuda para batizar labrador

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, 51, ganhou um filhote de cachorro e vai criá-lo na Casa Branca. "O presidente quer ter pelo menos um amigo leal", explicou o seu porta-voz, Mike McCurry.
O cão, de três meses, é um labrador cor de chocolate ainda sem nome. Clinton pediu a ajuda dos norte-americanos para batizá-lo.
A reação do público foi excelente. As linhas telefônicas da sede do governo dos EUA há muito tempo não recebiam tantas ligações. A popularidade do presidente, que já estava em alta, vai crescer mais.
Há 54 milhões de donos de cachorro nos EUA, e o labrador é a raça líder de vendas no país. Um filhote de labrador custa entre US$ 400 e US$ 800. A lei permite que o presidente dos EUA aceite presentes nessa faixa de valor. O advogado Tony Harrington foi quem deu o cão para Clinton. "Ele está precisando de um cachorro", disse.
Clinton tem revelado a amigos que anda pensando em ter um cão há muito tempo. Em maio de 1993, ele chegou a oferecer US$ 3.500 por um golden retriever em leilão em benefício da escola da filha. Mas outra pessoa arrematou o cão.
Ao chegar à Casa Branca, em 1993, só com um gato, Socks, Clinton estava quebrando uma tradição. Dos seus 41 antecessores, só cinco não tiveram cachorro durante o mandato. "Qualquer homem que não goste de cachorros e não os queira ter por perto não merece estar na Casa Branca", chegou a dizer um deles, Calvin Coolidge, em 1928.
Na eleição de 1996, um dos pontos a favor de Bob Dole contra Bill Clinton era o fato de Dole ter um cão, Leader, e Clinton, um gato. Leader chegou a desafiar Socks para um debate, mas o gato do presidente não apareceu. Se a eleição tivesse sido entre os dois, Leader teria vencido com 52% dos votos.
O norte-americano típico é apaixonado por cachorros, e os políticos sabem disso. A explicação oficial para a ausência de cães no governo Clinton sempre foi a de que o presidente tem alergia a eles. Mas Clinton já teve um cão, um cocker spaniel chamado Zeke, que morreu atropelado por um carro, em 1987, quando seu dono era governador de Arkansas (sul).
A Casa Branca teve muitos cachorros famosos. Fala, um scottie, que Franklin Roosevelt ganhou de presente em 1940, foi talvez o mais célebre. Recebia tantas cartas quanto Roosevelt e o ajudou a ganhar a eleição de 1944: o presidente foi acusado de mandar um navio de guerra buscar o cão numa ilha em que ele se havia perdido e fez um apaixonado discurso em sua defesa, que o eleitorado adorou.
Outro foi Millie, a cocker spaniel de George Bush, que morreu em maio passado. A "autobiografia" de Millie vendeu mais do que qualquer livro escrito por seus donos.
O cão mais parecido com o labrador de Clinton que viveu na Casa Branca foi a golden retriever Liberty, de Gerald Ford. Liberty entrava no Salão Oval sempre que o presidente resolvia acabar uma audiência que se estendia demais e apertava um botão escondido.
Não se sabe o que será feito de Socks quando o labrador chegar à Casa Branca -ele está sendo treinado antes de se mudar. A mais recente tentativa de colocar cão e gato juntos na sede do governo dos EUA, feita por Jimmy Carter, não funcionou. O mongrel Gritts se desentendeu com o siamês Ying Yang. Além disso, deixou muitas marcas de xixi nos carpetes da Casa Branca e foi devolvido a quem o havia presenteado ao presidente.
Talvez Socks vá viver com Chelsea, a filha do presidente, que em setembro se mudou para Stanford, na Costa Oeste dos EUA, para estudar na universidade local. Amigos da família dizem que Chelsea e Socks têm sentido muita saudade um do outro e querem se reunir.
Mas o psicólogo de animais Wayne Pacele diz que Socks deve ficar em sua casa. Ele já sofreu muito quando mudou do Arkansas para Washington. "Se Clinton conseguiu colocar juntos Arafat e Netanyahu, não vai ter problemas com Socks e o labrador", afirma.

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