São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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Volks e sindicato não renovam proposta, mas esperam acordo

CLAUDIA VARELLA
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

Na reunião de hoje entre o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT) e a Volkswagen, as duas partes vão apresentar praticamente as mesmas propostas que já vinham sendo discutidas para evitar a demissão de 10 mil metalúrgicos da unidade da montadora, em São Bernardo, na Grande São Paulo.
No entanto, sindicalistas e diretores da montadora se mostraram otimistas quanto a um possível acordo a ser firmado entre eles. Após o anúncio da proposta da Volks, há 15 dias, essa será a terceira reunião entre a empresa e o sindicato dos metalúrgicos.
O diretor de Recursos Humanos da Volks, Fernando Tadeu Perez disse na sexta-feira passada acreditar que até o final do mês seja possível encontrar uma saída para evitar as demissões em massa. "Nessa reunião (hoje), vamos caminhar mais um pouco para acharmos essa saída", disse.
Para Luiz Marinho, presidente do sindicato, será possível hoje pelo menos dar uma definição sobre os rumos das negociações. Ele alega não querer negociar com a empresa durante as férias coletivas dos trabalhadores (do dia 22 de dezembro a 4 de janeiro).
"Espero ter uma definição, nem que seja a de jogar as negociações para janeiro", disse. Marinho fará assembléias com os metalúrgicos da Volks até a próxima sexta-feira para informá-los das negociações.
Perez e Marinho darão uma entrevista coletiva conjunta às 10h da quarta-feira, na sede do sindicato.
Em troca de demitir 10 mil trabalhadores, a Volks propõe uma redução de 20% da jornada de trabalho e dos rendimentos anuais de seus 22 mil funcionários.
O sindicato, por sua vez, quer negociar uma ampliação da flexibilização da jornada de trabalho, com banco de horas.
Por essa proposta, os metalúrgicos trabalhariam agora quatro dias por semana (32 horas semanais) e, após três meses, se comprometem a trabalhar seis dias por semana (48 horas/semana). Não haveria, em nenhum dos casos, alteração salarial. O sindicato vai apresentar ainda uma proposta de mobilidade entre os metalúrgicos dos setores, dentro de uma plano de férias dos trabalhadores.
Sem peru
Ontem, o presidente da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos) da CUT, Heiguiberto "Guiba" Navarro, disse estar sendo ameaçado de morte por metalúrgicos de Santo André, dissidência do sindicato do ABC.
Ele teria encontrado a seguinte ameaça na caixa postal de seu celular: "Se você for na base de Santo André fazer assembléia, não irá comer peru no Natal".
Guiba vem realizando assembléias na porta de fábricas da base da Força Sindical para saber se os trabalhadores foram consultados e se concordam com o acordo de redução de jornada e de salários assinado entre a central rival e a indústria de autopeças. O Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, que já fez parte do sindicato do ABC, não é filiado à Força, mas assinou o acordo com o setor de autopeças.
Guiba deu queixa na delegacia de Santo André. A Folha não conseguiu localizar diretores do sindicato de Santo André para comentar as acusações.

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