São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997 |
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FHC vê novo Renascimento e evita falar em desemprego Presidente discorre sobre o "universal concreto", de Hegel DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O presidente Fernando Henrique Cardoso citou ontem o filósofo alemão Hegel e o conceito de "universal concreto" para evitar falar sobre desemprego no Brasil."Hoje só falo sobre universal concreto", afirmou, ao ser questionado sobre novas medidas que o governo estaria tomando para diminuir o impacto das demissões. Momentos antes, FHC havia discursado para representantes de 27 empresas e membros do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. O presidente falou sobre utopias, humanismo e sua tese de que se vive um novo Renascimento. "Muita gente pensa que são só palavras. No meu modo de ver, não são só palavras. É verdade." Ao final, citou Hegel, dizendo que teria de parar por ali, porque seria "muito pedantismo" discorrer sobre ele: "Ninguém vai entender". Para FHC, a sociedade vive hoje um novo Renascimento, diverso do que marcou o séc. 15. "Ao invés da idéia do homem e do indivíduo situado nacionalmente, e mais tarde ainda, situado na classe, hoje, pela primeira vez, é possível, por causa da globalização (...), generalizar o cidadão." O presidente tentou se explicar: "Quer dizer, é a humanidade mesma que, pela primeira vez na história, se torna uma espécie de um novo universal concreto à la Hegel". E, logo em seguida, emendou: "Ninguém vai entender..." Para FHC, os que acreditam que o mundo hoje está vivendo o fim das ideologias e das utopias estão errados. Para ele, o que está se fazendo é criar uma nova utopia. Essa utopia, disse, seria "a coesão social, a idéia de alguma forma de solidariedade, alguma forma de compromisso que vai além do crescimento econômico, mas que diz respeito ao bem-estar, com a forma de compromisso e que tenha uma base moral". Segundo FHC, os empresários presentes à cerimônia, preocupados com o desenvolvimento econômico, fazem parte da força mobilizadora da nova utopia. "Os que vivem à luz das antigas utopias é que se sentem desamparados, tanto os que pensam que o 'laissez-faire' (não-intervenção do Estado na economia) é o que prevalece, como os que pensam que um Estado coletivista é o que deve prevalecer." Texto Anterior: Antes você do que eu Próximo Texto: Filósofo Hegel introduziu o 'universal concreto' Índice |
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