São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997 |
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Falta de vínculos facilita violência
MARTA AVANCINI
"Se você vir uma pessoa caída na rua, você pára e ajuda ou passa reto?", questiona a Márcia Regina da Costa, antropóloga especializada em violência e professora da PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Para a antropóloga não é surpreendente que uma pessoa não pare, em uma cidade onde os número de homicídios cresceu assustadoramente nas últimas décadas. "As pessoas internalizam condutas de segurança a fim de se protegerem contra as ameaças", diz. Essas ameaças mudam conforme a criminalidade "evolui", isto é, se adapta às novas condições e equipamentos sociais. Um exemplo é o roubo de cartões de banco. "Isso não existia há 20 anos porque os cartões não eram usados", diz. A antropóloga conta que, em 1960, foram registrados seis homicídios por grupo de 100 mil habitantes no município de São Paulo. Em 1996, a polícia registrou 153 homicídios por grupo de 100 mil habitantes. "Houve aumento efetivo da violência, mas a situação só vai ser controlada com uma mudança da atuação da polícia", diz Márcia. Ela lembra o caso de Nova York, onde os registros de homicídios, assaltos estupros e outros crimes caíram 36% desde 1993. A chamada tolerância zero, adotada pela polícia e que prevê o combate de todo tipo de delito e crime, independentemente de sua gravidade, foi a grande responsável pela redução. O sucesso da iniciativa, porém, apenas foi possível por causa do relacionamento que a corporação estabeleceu com a comunidade. O restabelecimento do vínculo entre a polícia e a sociedade é importante, na opinião de Alba, não apenas para reduzir a criminalidade, mas para a consolidação da democracia. "A polícia precisa deixar de ver o cidadão como inimigo. Polícia e sociedade têm de atuar em parceria", diz. (MA) Texto Anterior: Mulher da classe média adota toque de recolher Próximo Texto: Grátis ou gratuito? Índice |
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