São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997 |
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Maestro é gênio da batuta
EDUARDO GUDIN
Fui convocado por eles para organizar a primeira formação da orquestra, que foi batizada de Jazz Sinfônica. Deram-me carta branca, exceto num requisito: o regente tinha de ser o Cyro Pereira. "Só pode ser o Cyro Pereira! Não queremos outro. Traga o homem." E eu fui buscá-lo. No princípio, relutou. Tinha medo de acordar o seu sonho, e a história não vingar. Mas vingou e é coisa feita, como diz Paulo Vanzolini. E o homem veio. O grande regente da TV Record dos anos 60 assumiu seu posto e regeu. Regeu o primeiro ensaio como um pássaro. Por que Cyro Pereira? Quem quiser entender é só escutar o CD lançado pelo selo Pau Brasil, produzido por Rodolfo Stroeter. Cyro mostra seu conhecimento de música erudita, de samba, jazz, folclore, música de boate etc. Ele vai a qualquer uma, com maestria. Na rua Rapsódia Latina, o nosso maestro voa pelo impressionismo com intimidade, mostrando que é um tipo raro de compositor para orquestra. Alcança tal requinte técnico que o coloca no primeiro time de arranjadores do planeta. Nos "choros" navega nas águas onde Radamés Gnattali e Villa-Lobos viajaram, tão longe que poucos pertencem a essa "academia". É sempre bom lembrar que no "choro" é preciso ser do ramo. Nas demais faixas, Cyro confirma sua originalidade como orquestrador e compositor. Destaque para Solito. Esse é Cyro Pereira. E quem quiser desfrutá-lo, é só seguir a Jazz Sinfônica por onde quer que ela for. Lá pode-se ver o nosso maestro, ao lado de Nelson Ayres (outro grande), no comando da Orquestra. Lá estará a sua batuta. Um gênio brasileiro. Texto Anterior: Cyro Pereira mostra versatilidade no Masp Próximo Texto: Elisa Stecca mostra surpresas do vidro soprado Índice |
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