São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Coréia do Sul vota em busca de novo modelo

OSCAR PILAGALLO
ENVIADO ESPECIAL A SEUL

A Coréia do Sul deu início hoje às eleições para a escolha do presidente que terá como missão tentar tirar o país da pior crise econômica de sua história recente. A votação começou às 6h em Seul (19h de ontem em Brasília).
Um dos principais tigres asiáticos e a 11ª economia do mundo, a Coréia do Sul viu seu modelo de rápido crescimento, que funcionou durante três décadas, desmoronar em semanas.
O sistema que deverá ser erigido em substituição vai depender do resultado da eleição de hoje, em que os dois principais candidatos estão tecnicamente empatados.
Estão na disputa Lee Hoe Chang, da situação, e Kim Dae Jung, do principal partido de oposição.
Na reta final, a crise tornou a campanha monotemática. O único assunto que interessa é o que vai acontecer com a economia.
O país, que se acostumou a um ritmo de crescimento anual médio superior a 8% desde os anos 60, vai enfrentar estagnação ou mesmo recessão a partir do próximo ano.
A projeção resulta dos termos do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que no início do mês liderou um pacote multilateral de ajuda ao país de US$ 57 bilhões, o maior do gênero.
A ponta mais visível da crise coreana é a volatilidade cambial. O won, a moeda nacional, chegou a perder mais de 50% de seu valor desde o início do ano.
Ontem, na véspera da eleição, o won voltou a cair (4%), mas a Bolsa de Valores da Coréia, que vinha acompanhando o movimento do câmbio, subiu 3,5%.
A crise provocou manifestações populares de nacionalismo que os candidatos procuraram capitalizar, estimulando a poupança como meio de salvar o país.
Democracia nova
Apesar da preocupação com a economia, prevê-se um alto nível de abstenção. É provável que um quarto dos 32 milhões de eleitores não vá às urnas. Em 92, o atual presidente, Kim Young Sam, foi eleito com abstenção inferior a 20%.
Os coreanos não parecem preocupados com a questão da representatividade, apesar de a democracia no país ser algo recente.
Além da abstenção, o novo presidente não terá o voto da maioria absoluta porque não existe o segundo turno. O vencedor será conhecido na noite de hoje.
Quanto menos pessoas comparecerem, maiores são as chances do oposicionista Kim Dae Jung. Político veterano e identificado como símbolo da defesa da democracia no país, ele tem um eleitorado fiel e militante, embora possua alto índice de rejeição.
Lee Hoe Chang, que é o candidato das elites, espera vencer com o voto dos indecisos, estimados em 24% pelo comitê eleitoral.

Texto Anterior: Peru recolhe bandeira da guerrilha MRTA; EUA condenam Cuba pela morte de opositores; Deputados aprovam lei de imigração na França; Veteranos do Golfo devolverão medalhas
Próximo Texto: Saiba que é Kim Dae Jung
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.