São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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Maracanã despreza licitação de placas

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

A Suderj (Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro) cedeu os direitos de exploração por um ano de 18 placas publicitárias do estádio do Maracanã sem realizar licitação e dando a apenas quatro empresas o direito de, em 24 horas, apresentar suas propostas.
A vencedora foi a Traffic Marketing Esportivo, que pagou R$ 821.700,00 pelas placas em torno do campo.
O valor corresponde a R$ 45.650,00 anuais por painel.
Só para anunciar hoje, no Vasco x Palmeiras, a Suderj está cobrando de agências R$ 30 mil por um par de placas, R$ 15 mil cada, conforme documento obtido pela Folha.
Com esses valores, 18 placas renderiam R$ 270 mil só na final do Campeonato Brasileiro.
Mais: de acordo com o próprio presidente da Suderj, Raul Raposo, o órgão vendeu quatro placas da final por R$ 150 mil, diretamente a anunciantes.
Também segundo Raposo, com as outras 22 placas -o estádio tem 40- o Estado do Rio faturou R$ 3,2 milhões em 1997, vendendo-as diretamente a anunciantes (Bradesco, Brahma, Petrobrás e General Electric, principalmente).
Ou seja: mantendo o desempenho em 1998, cada placa comercializada autonomamente pela Suderj renderá ao Estado cerca de R$ 145 mil, 219% a mais do que as adquiridas pela Traffic. Em comparação com o Mineirão, também estádio público estadual, o Maracanã vai faturar pouco.
Numa licitação com 50 dias separando o edital e a abertura dos envelopes com as propostas, em 24 de maio, a Administração de Estádios do Estado de Minas Gerais vendeu a exploração anual de 46 painéis por R$ 1.801.332,00.
Cada um saiu por R$ 39.159,91, mas há grandes diferenças com o Maracanã. Nem todos os painéis do Mineirão ficam no campo, mas também nas arquibancadas, onde são pouco mostrados pela TV.
Nenhuma emissora exibiu o Campeonato Mineiro para todo o Brasil, ao contrário do que a TV Bandeirantes faz com o do Rio.
Minas teve dois times no Brasileiro -o Rio terá três em 98, com grandes torcidas em todo o país.
Com partidas do Rio-São Paulo, o Maracanã receberá muito mais jogos com transmissão nacional e interesse na praça paulista, a mais forte da publicidade brasileira.
Um publicitário ouvido pela Folha, que não quis se identificar, disse que uma placa no Mineirão não vale um terço da do Maracanã.
A empresa que fez a proposta ao Mineirão, considerada ótima pelo mercado, é a mesma que venceu a disputa no Rio: a Traffic.
Um dos sócios -ou representante- da Traffic, conforme documentos assinados em 1990 e 1995, sobre a exploração de placas no Maracanã, é Kleber Leite, presidente do Flamengo.
O contrato para o Rio-São Paulo, a partir de janeiro, pela primeira vez obriga os clubes, como o Flamengo, a jogarem exclusivamente no Maracanã quando os jogos forem no Rio, segundo Eurico Miranda, dirigente do Vasco.
Em 1995, Leite tirou vários jogos do Flamengo do Maracanã alegando altos custos. Na época, a Traffic não explorava as placas do estádio.

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