São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997 |
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O Palmeiras tem time... o Vasco também
ALBERTO HELENA JR.
Com Edmundo ou sem Edmundo, o Palmeiras é campeão, certamente está sentenciando o torcedor palmeirense aos seus botões, já enfarado da novela que só teve fim às vésperas do jogo. Mesmo porque, se Edmundo foi o grande diferencial ao longo de todo o campeonato, não o foi na primeira partida, que terminou em 0 a 0, o que também não anularia a hipótese de que o fosse na finalíssima. O fato é que o Palmeiras tem time, sim senhor, para bater o Vasco em pleno Maracanã, mesmo sob a vigilância de um Cristo Redentor com a cruz-de-malta prensada no peito. O diabo é que Zinho e Viola se contundiram no último treinamento. Some-se a eles Euller, baleado desde o último jogo. E mais: Oséas, que se recupera de séria lesão, ainda não readquiriu sua melhor forma atlética. Enfim, são problemas demais para as aspirações verdes: ganhar. Com essa turma à meia-boca, sei não. Só sei que o vascaíno, nesta semana pontilhada de incertezas, também exercitou seu refrão: "Com Edmundo ou sem Edmundo, o Vasco é campeão". E pode também ser, por que não? Tem time pra isso, blablablá, blablablá. Resumindo: chega de papo, e vamos ver o jogo, que eu já estou todo arrepiado, ói. * E eis o Brasil novamente na fita de chegada. Desta vez, com todas chances do mundo de trazer o caneco das arábias. Pois não foi com essa mesma Austrália que empatamos outro dia? Além do mais, os 2 a 0 sobre a República Tcheca, na sexta-feira, serviram para aquietar alguns fantasmas que nos perseguem. Como, por exemplo, a definição do meio-campo brasileiro. Pela flagrante diferença do primeiro para o segundo tempo, ficou claríssimo que o setor tem dois titulares absolutos: o menino Denílson e o veterano Dunga. São a água e o vinho, embora os dribles de Denílson sejam mais embriagadores do que as investidas de Dunga sobre a bola e o adversário ou vice-versa. Dunga é a âncora plantada à frente da zaga, que estabiliza nosso time nos momentos mais tormentosos. Denílson é aquele par de asas que se eleva acima das muralhas inimigas e da lógica convencional do futebol. Recebe a bola, domina e parte pra cima dos inimigos em dribles e toques tão imaginativos que não tenho nenhum pejo em compará-lo a um Garrincha da esquerda, o que quer dizer, a um Canhoteiro. Se jogassem no futebol compacto e desleal destes dias, ambos fariam o que Denílson faz, não tenham dúvidas. Só que Denílson incorpora em seu incorpóreo futebol o que nem Canhoteiro, muito menos Garrincha nem sequer tentaram: fechar setor, marcar, brigar pela posse de bola. O quê? Estou exagerando? Deixe a Copa chegar, pra ver. Texto Anterior: Zagallo volta a falar em Zinho Próximo Texto: Feliz 98 Índice |
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