São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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NOVIDADE NA SUCESSÃO EM SP

A perspectiva de que a deputada Marta Suplicy (PT-SP) se torne a candidata do partido ao governo de São Paulo cria a primeira novidade em um cenário eleitoral até agora restrito à candidatura quase certa de Paulo Maluf (PPB), eterno pretendente, e às dúvidas em torno da posição do governador Mário Covas (PSDB).
É claro que essa novidade deve ser devidamente avaliada. Marta Suplicy tem, de fato, uma rica biografia em assuntos que dizem respeito aos direitos da mulher e das minorias ou à discussão de valores sociais.
É um currículo que basta como plataforma para disputar vagas nos legislativos. Mas, para se credenciar como candidata ao governo do Estado mais rico e complexo do país, a deputada ainda precisa dar mostras de como lidaria com questões típicas do Executivo. Ou, ainda, por exemplo, demonstrar o que sabe a respeito dos grandes problemas administrativos de São Paulo.
Qualificada a novidade representada por essa eventual candidatura, é forçoso reconhecer que ela elevará a temperatura da campanha até pelo lado do espetáculo -nem sempre recomendável, mas parte das regras não escritas de disputas eleitorais.
Basta imaginar um debate entre Paulo Maluf, autor de uma frase célebre ("Estupra, mas não mata"), e Marta Suplicy, notória feminista.
De qualquer modo, o cenário eleitoral paulista só ficará completo a partir do momento em que se tiver certeza sobre Covas. Até agora, o governador nega ser candidato à reeleição, mas não consegue convencer nem sequer seu próprio partido.
Se Covas não for mesmo candidato, o confronto situação/oposição ficará naturalmente mais diluído. Em princípio, essa situação favorece o surgimento de outras candidaturas mais ou menos heterodoxas, como a de Francisco Rossi (PDT), que ensaia transitar da religiosidade (que marcou suas campanhas anteriores) para uma pregação quase de esquerda.
Surgem, portanto, sinais de rompimento da relativa apatia que se antecipava como característica central do pleito paulista de 98.

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