São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 1997 |
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O que passou, não passou...
MARCELO MADUREIRA
Antes de mais nada, e mais importante do que tudo, é não perder a sua auto-estima. Afinal de contas, você faz parte de uma minoria (de mais ou menos 80%) daqueles que não conseguiram uma vaga na universidade. Só por causa disso você não vai ficar por aí, pelos cantos, sentindo-se um inseto repulsivo, um merda. Afinal, além de ser reprovado você vai ficar com um cheiro insuportável e, pior, algum pedestre distraído vai acabar pisando em cima de você. A primeira providência a ser tomada é contar para os seus pais, aqueles que pagaram uma fortuna de cursinho durante um ano inteiro. Vá devagar, vá com jeitinho. Se você for menina, diga que está grávida. Se for menino, anuncie formalmente, na mesa do jantar, que virou veado. Logo em seguida diga que foi tudo brincadeirinha, que na verdade você apenas não passou no vestibular, "afinal papai, poderia ser muito pior: eu poderia ser veado e reprovado". Tente mostrar para os velhos o lado bom da coisa e que vestibular é igual ao Carnaval: tem pelo menos uma vez por ano, sem contar as micaretas. E uma última palavra de consolo. Sou engenheiro, passei na Federal em primeira opção, eram mais de 80 candidatos para cada vaga naquele ano. Fiz o curso, estudei feito um louco, em seguida pós-graduação no exterior, mestrado e o escambau... Para quê? Para virar humorista e ficar escrevendo estas abobrinhas aqui para você. Se você não passou, paciência, aceite com bom humor os desígnios do destino, pois, como diz o diabo, Deus sabe o que faz. Texto Anterior: O futuro parece que demora Próximo Texto: Leonardo DiCaprio desafia o naufrágio do "Titanic" Índice |
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