São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997 |
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Prefeito de Moscou quer substituir Ieltsin
PHIL REEVES
A segunda, a presença no local de dezenas de jornalistas, incluindo quatro equipes de TV, todos pelo menos tão interessados nele quanto em seu ilustre convidado. "Ah-ha. Quantos de vocês vieram hoje?", exclamou Lujkov ao entrar na sala e ver os representantes da mídia reunidos no local. O prefeito de Moscou estava fazendo o que mais gosta. Ainda joga futebol, embora já tenha 60 anos e, fisicamente, se assemelhe mais à bola do que ao jogador médio. O encontro com uma das lendas do futebol era um momento a ser desfrutado com gosto. A mesma coisa se aplicava à "oportunidade fotográfica". À medida que aumentam as dúvidas sobre as chances de o presidente da Rússia, Boris Ieltsin, adoentado, conseguir ficar no cargo por muito mais tempo, Lujkov vem demonstrando todos os sintomas de um político em campanha. Não fala muito sobre suas ambições presidenciais, insistindo que seus interesses se fixam em sua cidade, mas poucos moscovitas negariam que sua gana de ascender ao mais alto cargo do Kremlin (sede do governo russo) só se compara à de Alexander Lebed. Pelé havia voado a Moscou para promover uma marca de café, tarefa na qual se poderia supor que um brasileiro se sairia melhor do que Lujkov, que estudou química e passou a maior parte de sua vida profissional trabalhando na máquina política soviética. Mas, minutos depois de se saudarem, o prefeito começou a fazer a seu convidado um sermão sobre como melhor vender seu produto. Mesmo os adversários de Lujkov reconhecem que ele é especialista em vendas -especialmente quando se trata de vender a imagem de Moscou e a dele próprio. Tampouco negariam que, mesmo no ambiente moscovita, permeado pelas máfias, ele é aceito como chefe -um chefe ostentador, chauvinista, autoritário e pragmático que se tornou o primeiro prefeito de estilo norte-americano a governar uma grande cidade da Rússia pós-soviética. Este ano Lujkov está especialmente ocupado. Moscou comemora seu 850º aniversário, e o prefeito resolveu aproveitar o ensejo para fazer uma promoção ainda mais grandiosa da cidade. Moscou virou um grande canteiro de obras. Um gigantesco shopping e complexo recreativo subterrâneo está sendo construído ao lado do Kremlin -por US$ 330 milhões. Uma enorme estátua do czar Pedro, o Grande, foi erguida ao lado do congelado rio Moskva (o fato de que Pedro não gostava de Moscou, tanto que transferiu a capital para São Petersburgo, não parece preocupar o prefeito). Há novos edifícios de escritórios e lojas, e os quiosques e cassinos de baixa categoria geridos pela máfia estão sendo expurgados. Esses esforços vêm rendendo resultados. No verão passado, Lujkov foi reeleito prefeito com espantosos 88% dos votos. Quem se importa se sua polícia expulsou os sem-teto e os ambulantes caucasianos da cidade? Ou com o fato de que as pessoas não residentes em Moscou têm que pagar o equivalente a vários milhares de dólares por uma autorização para viverem na capital, apesar disso violar a Constituição russa? Mas ele tem plena consciência de que, se quiser candidatar-se à Presidência, precisará construir uma imagem pessoal em nível nacional, que extrapole o âmbito dos 10 milhões de moscovitas. Exatamente quando Lujkov terá sua chance de concorrer à Presidência depende do andamento da saúde de Boris Ieltsin. Será um candidato de peso. No ano passado, um astrólogo declarou que o próximo presidente será alguém cujo nome começa com "L". Parece que se enganou quem supôs que isso significasse Lebed. Tradução de Clara Allain Texto Anterior: Clubes "do Bolinha" mudam as regras Próximo Texto: Feiticeira mexicana 'plantou' esqueleto; Marido de vítima do vôo 800 processa TWA; Corte internacional condena Nicarágua; Academia Citadel aceita 24 mulheres Índice |
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