São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997 |
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Aliança de centro e esquerda fica para 2000
VINICIUS TORRES FREIRE
No encontro, em Tepoztlán, povoado a cerca de 90 km da Cidade do México, ficou definido que a alternativa de poder seria a convergência de um novo centro e de uma nova esquerda. Essa aliança, porém, só deve ter chances por volta de 2000, ou depois. Isto é, Pelo menos em países como México, Argentina, Brasil e Chile, cujos políticos foram os mais céticos em relação à aliança. Vicente Fox, governador de um Estado mexicano, disse que uma aliança de seu Partido Ação Nacional (centro-direita) e o Partido da Revolução Democrática (esquerda) está fora de questão até o ano 2000. Fox é um presidenciável, tido como um "liberal moderno" e honesto no México. O país é dominado há décadas pelo Partido Republicano Institucional, que hoje executa o chamado progama neoliberal, criou um sistema de poder corrupto e sistematicamente fraudava as eleições. Na Argentina, a senadora presidenciável Graciela Fernández Meijide, do Partido da Frente Grande (PFG, esquerda), diz que uma "aliança como centro é necessária, mas improvável e difícil". O PFG fez parte da Frepaso (Frente País Solidário), que disputou as eleições presidenciais contra o Partido Justicialista de Menem (peronistas) e chegou em segundo lugar, à frente da União Cívica Radical (centro) de Raul Alfonsin, tradicionalmente um dos dois maiores partidos argentinos. O cabeça da chapa era José Bordón, também presente ao encontro, que diz estar procurando contato com parte do peronismo para firmar uma aliança. Em Tepoztlán, o Brasil era basicamente o PT (Lula, Tarso Genro, Vicente Paulo da Silva, da CUT, José Dirceu, presidente do PT, e Marco Aurélio Garcia, secretário de relações internacionais). Itamar Franco, Jaime Lerner e Ciro Gomes eram as exceções, mas os dois primeiros não puderam comparecer à reunião. Gomes, por sua vez, considera que o PT ainda não tem um programa para lidar com a necessidade de uma integração diferenciada do Brasil no mercado mundial, nem políticas industriais e comerciais para sustentá-la, além de carecer de uma política consistente de estabilização. Lula disse à Folha que será um "grande cabo eleitoral" na eleição presidencial de 1998 se o PT não conseguir, ou não quiser, criar uma grande frente de centro-esquerda para sustentar sua candidatura. Para Lula, uma candidatura petista isolada, ou aliada a pequenos partidos de esquerda, não tem condições políticas e materiais de ganhar a eleição. O petista, no entanto, vê dificuldades em uma aliança partidária, pois o "PMDB é uma federação de caciques" e o próprio PT ainda resiste a acordos. Texto Anterior: Bulgária vive pior crise pós-comunismo Próximo Texto: Grupo discute novo capitalismo Índice |
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