São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
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DE OLHO NA BALANÇA

DE OLHO NA BALANÇA

Além da promoção de exportações, o BNDES anunciou que apoiará a produção de bens que substituam importações. A medida é coerente com o esforço para evitar maior deterioração das contas externas. O governo começa a desenhar uma política industrial e trata de privilegiar os setores inseridos no mercado global.
Os produtos exportáveis e os bens passíveis de importação são praticamente os mesmos. Aliás, mais preciso até que a noção de indústria de exportação é o conceito econômico de bens "tradeables", ou "comercializáveis". São produtos que podem ser vendidos internacionalmente.
Uma indústria que comece substituindo importações pode futuramente tornar-se exportadora. Foi o que ocorreu no último grande programa de substituição de importações, o PND 2 (2º Plano Nacional de Desenvolvimento), lançado em 1974. O exemplo das exportações de papel e celulose é em grande medida resultado de um impulso inicial de substituição de importações.
Isso não significa, porém, que se possa ou deva repetir tal política nos termos do passado. Esses programas estiveram excessivamente apoiados no protecionismo. E isso contribuiu para que inúmeras indústrias brasileiras dedicassem menor empenho à melhoria de qualidade e à busca de ganhos de produtividade.
A estratégia atual felizmente não utiliza a elevação de tarifas externas. Mas é preciso, ainda assim, estar alerta contra a repetição de outro tipo de mazela, que deu ao banco o apelido de "hospital" e cunhou expressões como "as viúvas do BNDES". Trata-se dos descaminhos no processo de seleção das indústrias que receberão o apoio oficial.
O banco pretende estimular a substituição de importações por meio da compra de ações das empresas consideradas promissoras. No passado, alguns aportes de capital serviram ao que ficou conhecido como "socialização de prejuízos". O programa anunciado pelo BNDES é positivo, mas exige total transparência.

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