São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
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CIÊNCIA NO BRASIL

O Brasil produz mais ciência. Trata-se, sem dúvida, de uma boa notícia, como informa texto do caderno Mais! de hoje. Mais importante ainda, como afirmam os autores da pesquisa que ensejou a reportagem, esse aumento de produtividade não parece estar vinculado a uma maior destinação de verbas públicas.
Antes de festejar, porém, alguns reparos. As fontes dos pesquisadores, mesmo sendo as melhores existentes, são criticadas por alguns estudiosos. Embora se procure avaliar também a qualidade, essa é uma tarefa praticamente impossível de fazer com uma precisão aceitável.
Os resultados, contudo, não são de estranhar. De 1981 a 1993 -período abarcado pela pesquisa-, a população universitária cresceu. Há ainda o fato de que foi nos anos 80 que a sociedade passou a cobrar maior produção de seus pesquisadores e mais transparência de suas universidades.
A quantidade acabou elevando a produção e, talvez até num certo grau, também sua qualidade. O panorama, contudo, ainda é sombrio. Apenas dez instituições públicas respondem por 52,3% da produção. Em termos internacionais, o Brasil, com seus cerca de 150 milhões de habitantes (2,5% da população mundial), produz apenas 0,57% do saber, no melhor índice que obteve (1993).
Vê-se que ainda há anos-luz a percorrer. Primeiro, é preciso utilizar as verbas públicas com maior eficiência, investindo mais nos que produzem mais. Zelar para que a rede privada também tenha qualidade, sendo capaz de produzir ciência, é obrigação do Ministério da Educação. O principal ponto, porém, é o ensino básico, com ênfase na formação geral, pré-requisito para a produção de qualquer coisa relevante num mundo em que abundam informações, mas poucos sabem selecioná-las.

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