São Paulo, quinta-feira, 6 de fevereiro de 1997
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Via Dutra vira vitrine da privatização

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Com uma economia de R$ 268 milhões para os cofres públicos, a rodovia Presidente Dutra, antes um "queijo suíço ", foi transformada, nos últimos 12 meses, em um cartão de visita dos benefícios do sistema de concessões de estradas federais à iniciativa privada.
Essa foi a quantia que a empresa NovaDutra, formada pelo consórcio vencedor da concessão da Dutra, gastou em obras de recuperação, aquisição de equipamentos rodoviários e implantação de um sistema de serviços aos usuários.
O retorno dos investimentos, provenientes de capital próprio da concessionária e de empréstimos junto a BNDES e Banco Mundial, virá da cobrança do pedágio.
O pedágio cobrado na Dutra, desde agosto passado, é de R$ 2,81 para cada 100 km, para carros de passeio. A tarifa será revista anualmente, a partir de 31 de julho deste ano, com base numa cesta de índices da Fundação Getúlio Vargas.
Em termos de comparação, o pedágio na Dutra é mais barato do que no complexo Anchieta-Imigrantes, que é de R$ 3,33 por cada 100 km, e do que na rodovia Ayrton Senna, onde custa R$ 7,02 por 100 km (o cálculo é feito com base na medida padrão de 100 km, embora a rodovia seja menor), ambas ainda nas mãos do setor público.
Segundo uma pesquisa divulgada ontem, é elevado o índice de aprovação da entrega da administração da Dutra para a iniciativa privada. A maioria dos usuários (83%) qualificou de ótimo ou bom o atual estado da Dutra.
Primeiro passo
A "privatização" da Dutra, no início do ano passado, foi o primeiro passo do programa de concessões de rodovias à iniciativa privada. Este ano, cerca de 6.000 km de rodovias serão concedidas à iniciativa privada.
As melhorias na Dutra, já visíveis e comprovadas pelos usuários -média de 80 mil veículos por dia transitam na rodovia-, estão apenas começando.
Ao fim dos 25 anos de concessão, os investimentos em obras, como a construção de uma nova pista no sentido SP-RJ na descida da Serra das Araras, e em equipamentos serão de R$ 717 milhões.
Os custos operacionais consumirão R$ 1,84 bilhão até o término do contrato, que é em 2O21, quando a rodovia volta, de cara nova, para as mãos do governo.
No próximo dia 28 de fevereiro, a NovaDutra comemora um ano de operação da Rio-SP e sete meses de cobrança do pedágio.
Segundo a avaliação de Evandro Celso Brito Sarubby, presidente da NovaDutra, o balanço do primeiro ano é "extremamente positivo".
"Os acionistas da NovaDutra estão buscando ganhar dinheiro num novo negócio, mas têm uma visão clara do comprometimento que precisam ter ao se envolver na prestação de um serviço público."
Os sócios na NovaDutra, cada um com uma participação de 25%, são as empreiteiras Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Soveng Civilsan e Norberto Odebrecht.
Sarubby diz que o novo negócio de concessão do serviço público de operação de rodovias é rentável para a iniciativa privada a médio e longo prazos, com o retorno do investimento a partir do sétimo ano.
Segundo Sarubby, a expectativa da NovaDutra é obter uma taxa de retorno da ordem de 17% a 18% por ano a partir do sétimo ano.
Custo e benefício
Sarubby diz que não existe uma fórmula para determinar a relação custo-benefício de uma concessão de operação de uma estrada.
Isso depende do investimento necessário para a recuperação inicial da estrada.
O volume de tráfego é o fiel da balança: é necessário um fluxo mínimo que seja capaz de gerar recursos, por meio do pedágio, para fazer frente aos investimentos e aos custos operacionais, amortizar empréstimos e remunerar os concessionários.
O volume de tráfego que viabiliza a concessão da Dutra é de uma média diária entre 70 mil a 80 mil veículos. Em dezembro, essa média foi de 100 mil veículos.

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