São Paulo, domingo, 9 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Família Magalhães deseja a Presidência

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Eu cheguei a tudo que poderia ser". A frase é do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), 69, que atinge o auge de sua carreira política com a vitória na eleição para a presidência do Senado.
Para ACM, a família Magalhães continuará ocupando cada vez mais poder na vida política do país.
O senador baiano tem convicção de que os Magalhães ocuparão a Presidência da República, representados por seu filho, o deputado federal Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
"Se ele tiver o êxito que teve até aqui, acredito que isso vai ser uma coisa normal", diz o senador.
Em entrevista à Folha, ACM fala sobre a sustentação que os Magalhães dão ao governo Fernando Henrique Cardoso.
O senador diz que apoiou FHC quando ele era "um candidato sem possibilidades" e que Luís Eduardo "deu a maior contribuição que o presidente poderia ter" ao se tornar o principal articulador da aprovação da emenda da reeleição na Câmara dos Deputados.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
*
Folha - O senhor foi eleito presidente do Senado. Seu filho Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) foi um dos principais articuladores da aprovação da emenda da reeleição em primeiro turno na Câmara e é hoje um dos políticos mais próximos do presidente. Como define o momento político da família Magalhães?
Antonio Carlos Magalhães - Hoje, ninguém neste país pode negar o valor político extraordinário do Luís Eduardo, não só habilidade e competência, mas sobretudo dignidade na atividade pública. Eu me sinto muito recompensado porque ele começou comigo. Eu o ajudei a ser político, do primeiro mandato de deputado estadual até chegar a deputado federal. Depois, ele pôde andar com os próprios pés, e muitas vezes dando passos mais seguros do que os meus. Por isso, nós vamos continuar sempre, e cada vez mais, juntos. Eu lhe dando um pouco da minha experiência, mas recebendo sempre os seus conselhos de quem está cada vez mais atual.
Folha - O sr. acha que a família Magalhães está no auge político?
ACM - Deus tem sido muito bom comigo e com minha família. Já tivemos dissabores, não de ordem política. Nós estamos vivendo um momento interessante da nossa vida. Fui governador três vezes, fui ministro (das Comunicações no governo Sarney), fui presidente da Eletrobrás, fui prefeito de Salvador. Agora eu chego à presidência do Senado. Eu cheguei a tudo que poderia ser. E o Luís Eduardo, aos 41 anos de idade, tem todo esse caminho a percorrer.
Folha - Depois da presidência do Senado, o que o sr. vislumbra como próximo passo político?
ACM - Meu mandato é de oito anos. Já tive dois. Eu gosto do Senado. Eu acho que já devo me dar por feliz de exercer bem o meu mandato. Se for um bom presidente do Senado, aí eu me completo. Se tiver saúde e vida, pretendo renová-lo. Se não tiver, paciência.
Folha - E o futuro do deputado Luís Eduardo?
ACM - Luís Eduardo tem vários postos a percorrer. Ele pode ser ministro ou pode ser governador da Bahia. Pela vontade do povo baiano, eu acho que isso é uma condição que lhe chega perto. E com todo o direito. E depois pode percorrer outros caminhos.
Folha - A Presidência da República?
ACM - Quem sabe? Vai depender da atuação dele. Até aqui, o Luís Eduardo se credenciou. Se ele tiver o êxito que teve até agora, acredito que isso vai ser uma coisa normal.
Folha - Qual a contribuição que a família Magalhães pode dar ao presidente Fernando Henrique?
ACM - O que o Luís Eduardo já fez na Câmara é a maior contribuição que o presidente poderia ter de um homem junto ao seu governo. Eu acho que o presidente Fernando Henrique não vai se esquecer disso. Quanto a mim, eu pude ajudá-lo na eleição. Quando ele era um candidato sem possibilidades, nós confiamos nele, na medida em que sabíamos da sua capacidade. Investimos na sua capacidade, e posteriormente ele se firmou como um grande candidato e se elegeu. Mas nós fomos os primeiros a apoiá-lo.
Folha - Qual é o futuro da aliança entre o PSDB e o PFL?
ACM - A tendência é que essa aliança permaneça por muito tempo, na medida em que o PFL tem mostrado ao PSDB, e portanto ao presidente, que os interesses do país estão acima dos interesses partidários. Como nós estamos fazendo uma parceria boa e útil, por que impedir que ela prossiga por mais tempo?
Folha - O PMDB saiu desgastado ao perder para o sr. a disputa pela presidência do Senado. O sr. pretende se reaproximar do PMDB?
ACM - O PMDB cometeu seguidamente vários erros. Cabe ao próprio PMDB trabalhar na sua recuperação -e isso é possível- e aí ser um aliado confiável do governo.
Folha - O sr. tem um comportamento explosivo no Senado, tendo se desentendido com alguns colegas. Que comportamento o sr. pretende ter daqui para a frente?
ACM - Meu comportamento será de absoluta seriedade e dignidade, dando à presidência do Senado a elevação que esse posto exige. Se porventura tive problemas no Senado com colegas, a minha eleição por ampla maioria já apagou tudo.

Texto Anterior: Aviso amigo; Sonho; EREMILDO, O IDIOTA; CURSO MADAME NATASHA DE PIANO E PORTUGUÊS; Uma nova receita de pizza para a CPI; Uma letra nova para o samba da privatização; A coligação maluca produziu o voto doido; ENTREVISTA; Palpite infeliz
Próximo Texto: A bola volta a rolar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.