São Paulo, domingo, 9 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estabilidade amplia o clube 'bilionário'

FÁTIMA FERNANDES; MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Primeiro, os 13 milhões de consumidores nascidos após o Real, oriundos das classes C e D, encheram a barriga com produtos básicos. Depois, passaram a procurar alimentos mais elaborados.
Antes e depois dessa onda, grandes empresas como Perdigão, Parmalat e Kaiser aumentaram suas vendas e passaram a frequentar o Clube do Bi.
Para a Perdigão, uma das maiores fabricantes de alimentos semi-elaborados do país, o faturamento de US$ 1 bilhão conquistado em 1996 resultou de um crescimento de receitas de apenas 3,7% sobre as vendas de 95.
Mas Nildemar Secches, diretor-presidente da Perdigão, diz que para ter esse faturamento num ano de preços baixos a empresa teve de fazer um tremendo esforço, aumentando em 21% o volume de vendas.
A Perdigão produziu no ano passado 412 mil toneladas de derivados de carne, entre aves e suínos. Em 95 fabricou 342 mil toneladas. "O preço médio dos produtos caiu no mercado interno. Isso explica o crescimento maior no volume do que no faturamento", comentou Secches.
Em 96, a Perdigão renovou seu "mix" de produtos, com 32 lançamentos. Ela entrou no segmento de produtos de conveniência, com a linha "Super Práticos -Empanados e Recheados" e ampliou a linha de congelados, sempre em busca de produtos de maior valor agregado. Como o consumidor tem memória de elefante quando gosta de um produto, a empresa ressuscitou a marca Borella, desativada havia cinco anos.
Secches conta que a empresa, decidida a expandir suas atividades no país, deslanchou em 1995 um programa de investimento que lhe permite aumentar 50% a produção até o final deste ano.
A empresa investiu US$ 180 milhões nos últimos dois anos e gastará US$ 100 milhões em 97 para expandir e modernizar sua produção, além de reforçar o capital de giro. O dinheiro virá, em parte, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do IFC (International Finance Corporation), braço de fomento do Banco Mundial.
Todos esses gastos também têm como objetivo tornar a empresa moderna para conquistar mais mercado no exterior.
No ano passado, as exportações da Perdigão somaram US$ 242 milhões -um crescimento de 20% sobre os números de 1995, de US$ 202 milhões.
Para Secches, fazer parte do grupo das empresas que faturam US$ 1 bilhão por ano significa mais responsabilidade.
"Quanto maior uma companhia, mais complexa é a sua administração", diz ele.
Isso não quer dizer, continua ele, que a filosofia da casa vá se alterar. "A natureza da administração da Perdigão será a mesma", promete.
Parmalat
A Parmalat atribui o faturamento de aproximadamente US$ 1,05 bilhão do ano passado, sobretudo, ao aumento do consumo de leite.
Assim que o Plano Real foi implementado, a empresa registrou aumento de 30% na venda de leite de saquinho.
Meses depois viu aumentar significativamente as vendas de leite do tipo longa vida, de iogurtes, de sucos de frutas e de outros produtos mais elaborados.
Por conta do aumento da demanda, a Parmalat ampliou 30% a sua capacidade produtiva nos últimos três anos e lançou novas linhas de produtos.
A empresa já disputa o mercado de sucos frescos, chás, requeijão, queijos, biscoitos, cereais matinais e café solúvel.
(FÁTIMA FERNANDES e MILTON GAMEZ)

Texto Anterior: China usa falências como arma
Próximo Texto: Consumidor pobre puxa venda de calçados Grendene
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.