São Paulo, domingo, 9 de fevereiro de 1997
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CHARLES BARKLEY

MELCHIADES FILHO

Charles Barkley - A liga passa pelo que chamo de estresse de crescimento. Talvez tenha dado um passo maior do que a perna. Com a expansão de times (criou duas equipes no Canadá há dois anos), o talento foi diluído.
O que mais me preocupa é o ambiente. A nova geração não mostra uma atitude de honra ao esporte.
Folha - Como assim?
Barkley - Eu, Jordan, Magic e outros pavimentamos o caminho. Eles têm que abaixar a cabeça, agradecer e continuar o trabalho.
Folha - Fazer o quê?
Barkley - Representar a liga, jogar bem, mostrar humildade e, aí sim, embolsar todo o dinheiro.
Folha - Mas você nunca teve fama de humilde. Nem quando estourou no Philadelphia ao desembarcar da universidade...
Barkley - Quando eu era calouro, no meu time atuavam Julius Erving e Moses Malone, dois supercraques. E eu tinha que carregar toalhas e água para eles.
Folha - Você chega a temer pelo futuro do basquete?
Barkley - Não é tão dramático. Talvez esses jovens encontrem o caminho sozinhos. Mas na minha opinião eles merecem cascudos.
De qualquer forma, esse é um trabalho que não cabe a mim, e sim à NBA. Mas ela está mais preocupada em faturar com esses meninos. Pouco importa se a maioria não sabe dar um arremesso.
Folha - Num jogo de veteranos e novatos, quem levaria a melhor?
Barkley - Nós chutaríamos o traseiro deles facilmente.
Folha - Mas até quando?
Barkley - Está claro que minha geração perdeu explosão muscular. Até mesmo Michael Jordan é uma sombra do jogador que já foi. Existe muito talento nessa nova geração, veja o caso de Grant Hill. Mas nós ainda entendemos melhor o jogo, sabemos os caminhos.
Folha - Não te frustra não poder participar deste ASG, espécie de tira-teima contra a jovem guarda?
Barkley - Nem tanto. Estou de saco cheio desse programa.

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