São Paulo, domingo, 9 de fevereiro de 1997
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Temas para FHC conversar

CLÓVIS ROSSI

Londres - Gelson Fonseca, o assessor diplomático do Palácio do Planalto, costuma dizer que a derrubada da inflação facilita o diálogo entre governantes brasileiros e seus pares do mundo desenvolvido.
Elimina um assunto incompreensível para eles, como inflação de 30% ou 40% ao mês.
Parece ter razão. Não sei o que o presidente Fernando Henrique Cardoso vai conversar com o primeiro-ministro italiano Romano Prodi, quando se encontrarem na semana que vem em Roma. Mas suspeito que um pode dar o ombro para o outro chorar, pelo mesmo motivo: o déficit público.
Na Itália, é um tormento até maior. Sem reduzi-lo, o país cai para a segunda divisão européia, porque precisa demonstrar, até o final deste ano, que é capaz de ter um déficit igual ou inferior a 3% do PIB (Produto Interno Bruto, medida da riqueza de um país).
Hoje, está em 4%. A diferença parece pequena, mas é 25% superior ao limite máximo para que qualquer dos 15 países da União Européia entre na primeira divisão, ou seja, na moeda única.
Como no Brasil, o déficit não é causado por excesso de despesas normais em relação às receitas. Os juros sobre sua dívida interna é que comem as receitas do governo italiano. Sem eles, os gastos seriam até inferiores às despesas, mais ou menos como no Brasil.
Na Grã-Bretanha, FHC poderia chorar junto com o premiê John Major a crise na saúde pública. É que o sistema britânico de saúde, um dos mais notáveis exemplos planetários de como funciona o modelo de bem-estar social, anda agora mal das pernas. Nada que se compare, claro, às ruínas do sistema brasileiro.
Espero que Major fale de cifras, nessa área de saúde. O governo britânico, com uma população infinitamente menor, gasta cerca de US$ 73 bilhões/ano com o NHS, a versão local do velho Inamps. No Brasil, o ministro Jatene saiu por menos de um décimo dessa quantia.

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