São Paulo, domingo, 9 de fevereiro de 1997
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O vestibular dos ministérios

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A inclusão do ministro Clóvis Carvalho (Casa Civil) na comitiva presidencial que está agora na Europa é um mistério.
"O presidente está me levando porque eu sou o ministro do culto", brinca Carvalho.
Ex-seminarista, o ministro é alvo de brincadeiras constantes no Palácio do Planalto. Agora, como FHC será recebido pelo papa, é natural que um de seus acompanhantes fosse Carvalho.
Outra razão mais provável para a presença do ministro da Casa Civil na viagem de FHC é que está chegando a hora de fazer uma grande avaliação do desempenho do governo.
"Nós fazemos isso diariamente. Não é necessário esperar por uma viagem", desconversa o ministro.
O fato é que FHC sabe que as exigências sobre seu governo serão maiores nos próximos dois anos. Ninguém vai engolir eternamente a história de que só inflação controlada basta.
O presidente considera necessário programar com precisão os seus próximos passos. Isso inclui algumas mudanças pontuais no seu ministério. Logo de cara há duas vagas importantes em aberto. O ministro dos Transportes é interino, e o da Justiça está para ser indicado para o STF.
Por tudo isso, longe do assédio normal que sofre em Brasília, FHC vai analisar o prontuário de cada ministério nesta sua viagem européia.
Gerente maior do governo, Carvalho vai mostrar ao presidente as "notas" que cada ministro apresenta depois de dois anos de administração.
FHC vai refletir neste período de Carnaval. Longe do país, vai decidir que tipo de mudanças serão necessárias para fazer seu governo andar nos trilhos certos até 98.
Os ministros que não passarem no "vestibular" de Clóvis Carvalho certamente serão malvistos por FHC. Podem não perder o posto. Mas terão de se enquadrar.
A decisão final, desnecessário dizer, será de FHC. Que, depois das vitórias recentes, parece cada vez mais infenso às sugestões de nomes que partidos fazem para ocupar ministérios.

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