São Paulo, domingo, 9 de fevereiro de 1997
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A bunda, que engraçada

A bunda, que engraçada
Carlos Drummond de Andrade

A bunda, que engraçada. Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai pela frente do corpo. A bunda basta-se. Existe algo mais? Talvez os seios. Ora -murmura a bunda- esses garotos ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas em rotundo meneio. Anda por si na cadência mimosa, no milagre de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte por conta própria. E ama. Na cama agita-se. Montanhas avolumam-se, descem. Ondas batendo numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz na carícia de ser e balançar. Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda, redunda.

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