São Paulo, domingo, 9 de fevereiro de 1997
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Thalia quer fazer novela no Brasil

ANA PAULA MARTINS

ANA PAULA MARTINS; DANIEL CASTRO
DO NP

Em entrevista à Folha, atriz e cantora mexicana fala sobre sua carreira e anuncia disco em português

DANIEL CASTRO
A curta biografia da atriz e cantora Thalia Ariadna Sodi Miranda, a estrela da novela "Marimar" (SBT, 20h15), muito se parece com os dramalhões que ela interpreta na TV mexicana.
Aos cinco anos, ela perdeu seu pai. Foi criada, com mais quatro irmãs, pela mãe, Yolanda Miranda -hoje sua empresária.
Aos 19 anos, após um noivado de quatro anos, ficou "viúva" de Alfredo, quando já tinha vestido e convites para o casamento.
Hoje, aos 24 anos, ela está por cima. Já vendeu mais de 500 mil discos e suas novelas -"Maria Mercedes", "Marimar" e "Maria, a do Bairro"- fazem (ou já fizeram) sucesso em mais de 80 países. Entre eles o Brasil.
A história de Marimar -a moça pobre que, humilhada pela família do galã rico, se vinga de todos após receber uma herança milionária que não sabia existir- vem garantindo ao SBT média semanal de 15 pontos no Ibope (cerca de 1,2 milhão de telespectadores na Grande São Paulo). De segunda a sexta, é a maior audiência do SBT.
Na última terça-feira, Thalia concedeu entrevista à Folha, por telefone, da Cidade do México.
Na entrevista, ela fala que gostaria de atuar em uma novela brasileira -fazendo uma "personagem atrevida". Ela anuncia que virá ao Brasil neste semestre para promover seu disco "En Éxtasis" (em espanhol, que a EMI lança em março) e as músicas em português que deve gravar nos próximos meses.
A seguir, os principais trechos:
*
Folha - Como foi sua infância?
Thalia Ariadna Sodi Miranda - Meu pai morreu quando eu tinha cinco anos. Minha mãe ficou cuidando de cinco filhas. Foi minha mãe quem me deu força pra ser artista e me ajuda até hoje nos momentos mais difíceis.
Folha - Você sabia do sucesso de "Marimar" no Brasil?
Thalia - Sabia. Estou fascinada e emocionada. Graças a Deus isso acontece em todos os países. Existe um furor em países como Filipinas e Indonésia, graças a "Marimar" e a outras telenovelas que eu fiz. Na Argentina, "Marimar" ficou em primeiro lugar. Isso me abriu espaço para atuar também como cantora, porque sigo as duas carreiras.
Folha - Em quantos países você faz sucesso?
Thalia - Minha última telenovela, "Maria, a do Bairro", foi vendida para 80 países quando estava na primeira semana de gravação. Ela é a terceira da trilogia das Marias. Também é a história de uma moça pobre, que vive num local muito pobre.
Folha - O que você acha de suas novelas sempre terem uma mocinha pobre que se envolve com um galã rico?
Thalia - Isso serve para as pessoas sonharem. Nossas novelas são para a família, para sonhar.
Folha - Você sabia que no Brasil as novelas mexicanas são consideradas de baixa qualidade? O que você acha das telenovelas brasileiras?
Thalia - Sei que há essa comparação. A telenovela do Brasil é uma indústria fortíssima. Já vi algumas novelas brasileiras. O que acontece é que as brasileiras, além de terem paisagens naturais belíssimas -e muito bem aproveitadas-, têm também mulheres lindíssimas e atrevidas e histórias contemporâneas.
As personagens atrevidas, como as da Sônia Braga, chamam minha atenção. Se fosse convidada para fazer uma personagem atrevida no Brasil, seria a mulher mais feliz do mundo.
Já o México tem uma indústria de televisão chamada Televisa, que eu, particularmente, gosto muito, porque foi a TV que me fez famosa em todo o mundo. Mas reconheço o trabalho de outras emissoras, como as de vocês.
Folha - Qual foi seu melhor trabalho na TV?
Thalia - Gosto de "Marimar", porque ela me deu tudo e abriu todas as portas para mim. Mas a que mais gostei de trabalhar foi "Maria, a do Bairro", porque fiz uma personagem que começava com 15 anos e terminou com 34. Isso me deu oportunidade de fazer mudanças psicológicas.
Folha - Você gosta mais de cantar ou de interpretar?
Thalia - Gosto de ser atriz porque é como um cartão de crédito internacional: te abre as portas em qualquer idioma e em qualquer país. Mas o que mais gosto de fazer é cantar e ter contato direto com as pessoas.
Vou ao Brasil neste ano e quero fazer uma turnê. Agora, vou gravar um disco em português. Acho maravilhoso que cantores como Luis Miguel e Ricky Martin façam sucesso no Brasil. Eu vou ser a próxima.
Folha - Quais são seu planos para o futuro?
Thalia - Meu grande sonho é seguir gravando em diferentes idiomas. Também quero fazer cinema. Estou prestes a fazer um filme aqui no México, um filme de época, romântico, ainda sem nome definido. Tenho propostas para fazer filmes nas Filipinas também.
Folha - Na contracapa de seu disco, há uma dedicatória a Alfredo. Quem foi Alfredo? É verdade que ele foi seu namorado e que morreu, de hepatite, pouco tempo depois de vocês darem uma trégua no romance?
Thalia - Alfredo é o amor de minha vida, é o homem que amo, que seguirei amando sempre. Ia me casar com ele, tivemos um noivado de quatro anos e um dia ele morreu. Eu tinha o vestido de noiva, os convites, tudo. Foi muito difícil para mim, rezei muito para superar a dor.
Depois dele, ficou muito difícil encontrar alguém. Conheci alguns rapazes, mas nada parecido. Sei que algum dia vou encontrá-lo de novo.

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