São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997
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MS declara guerra contra a aftosa

MARCELO NEGROMONTE
ENVIADO ESPECIAL A CAMPO GRANDE

O Mato Grosso do Sul, Estado que abriga o maior rebanho bovino do país (23 milhões de cabeças), está intensificando o controle sanitário para se tornar área livre de febre aftosa.
Esse é um dos requisitos para que o país consiga aumentar suas exportações de cortes nobres de carne bovina para a Europa, por meio da cota Hilton.
Atualmente a cota brasileira, que permite a exportação de cortes nobres de carne bovina resfriada para a Comunidade Européia, é de apenas 5 mil t.
Há 25 meses não é registrado nenhum foco da doença no Estado.
Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os Estados mais próximos de conseguir a classificação de zona livre de febre aftosa.
Há 66 meses não é registrado nenhum foco da doença em Santa Catarina. O Rio Grande do Sul está há 38 meses sem registro de febre aftosa.
Defesa animal
Na semana passada, o ministro da Agricultura, Arlindo Porto, esteve em Campo Grande (MS) para dar início a campanha de vacinação contra a febre aftosa.
"As negociações com a Organização Internacional de Epizootias (OIE) estão em estágio muito avançado para classificar esses dois Estados como área livre", disse Arlindo Porto.
O Ministério da Agricultura deve destinar este ano R$ 133 milhões para o programa de defesa agropecuária, contra R$ 46 milhões investidos em 96.
"Desse total, R$ 77 milhões serão direcionados para a defesa animal, incluindo o investimento na erradicação da febre aftosa", afirmou Porto.
No ano passado, o Mato Grosso do Sul foi responsável por cerca de 59% das exportações brasileiras de carne bovina, o que representa US$ 24,2 milhões, segundo dados da Secretaria de Agricultura do Estado.
Novilho precoce
Em 1992, o governo do Mato Grosso do Sul implantou um programa de incentivo à produção de novilho precoce, que reduziu o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em até 66%.
"Quem recolhe o imposto são os frigoríficos, que repassam a diferença da dedução ao produtor", afirma Marivaldo Miranda, veterinário da Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Mato Grosso do Sul (Semades).
Segundo ele, a tipificação dos novilhos precoces é feita por veterinários do Ministério da Agricultura, obedecendo a critérios de classificação como peso e cobertura de gordura do animal.
Atualmente cerca de 7% do total de bovinos abatidos no Estado são novilhos precoces, segundo a Semades.
No ano passado, foram abatidos 3,2 milhões de animais no Mato Grosso do Sul.
O novilho precoce é abatido com cerca de 24 meses de idade, quando normalmente a idade de abate no Brasil gira em torno de 48 meses.
"A vantagem de criar o novilho precoce é muito grande porque produzimos o dobro no mesmo espaço de tempo", afirma José Lopes, criador de 22 mil cabeças de bovinos das raças nelore e marchigiana em Nova Andradina (MS).

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