São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997 |
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Produção de leite ainda é levada em banho-maria
SEBASTIÃO TEIXEIRA GOMES Concluí recentemente uma pesquisa nos vales do Rio Doce e Mucuri, em Minas Gerais, onde foram entrevistados 200 produtores de leite.Os entrevistados representam uma amostra do universo de pecuaristas que produziram no ano passado, em média, acima de 100 litros/dia. Uma das perguntas feitas aos produtores foi porque se dedicam à produção de leite. O entrevistado deveria escolher apenas uma entre as quatro alternativas. O resultado retrata a percepção que o produtor tem da atividade leiteira, com certeza devido ao longo período de tabelamento. Quase meio século de tabelamento e um longo período de inflação elevada contaminaram toda a atual geração de produtores. Poucos tratam a produção de leite como um negócio. Para a maioria, a atividade fica naquele banho-maria, sem grandes riscos e também sem grande retorno. Na teoria das finanças existe associação positiva entre retorno médio e risco. Maior risco implica maior retorno. Esse princípio serve de base para análise de projetos. Atividades e projetos com risco mais elevado devem ter retorno também mais elevado. Os argumentos apresentados não devem ser interpretados como uma recomendação para que o produtor adote, apressadamente, medidas de alto risco, seja de produção ou de mercado. É possível buscar maior retorno sem que para isso tenha que se assumir um risco elevado. A chave desse dilema se chama planejamento, por meio do qual o empresário simula o que poderá acontecer, caso venha a adotar uma nova prática. Se a simulação é construída em bases sólidas, a chance de prever corretamente o futuro é grande. O planejamento se inicia com o diagnóstico da empresa e aí está o nó da questão. A maioria dos produtores não conhece sua empresa. Não bastam apenas alguns dados médios, que mostram superficialmente o que de fato está acontecendo. Tem que se ir a fundo na busca do detalhe, porque o sucesso ou o fracasso de um empreendimento está no detalhe. Existem quatro pontos que devem merecer a atenção do produtor no diagnóstico de sua empresa. * Máquinas e equipamentos: Frequentemente, o custo da hora-máquina do próprio produtor é mais alto que o preço de mercado ou de aluguel. Isto porque as máquina ou implementos próprios são subutilizados. * Alimentação do rebanho: Com frequência, o custo do quilo do alimento, volumoso ou concentrado, é mais alto que o preço de mercado. Além disso, existem casos em que o produtor tem várias alternativas e escolhe o caminho errado por não examinar antes os custos e benefícios de cada alternativa. Às vezes é feita análise antecipada, porém com premissas falsas que não se confirmam na prática. * Cria e recria: Esse ponto se refere especialmente às novilhas que serão incorporadas ao rebanho. É comum encontrar casos em que o custo desses animais para o produtor é mais alto que o preço de mercado. * Vacas em lactação - É fato comprovado a existência de grande variação na lucratividade de cada vaca, especialmente em rebanhos mestiços. A renda é calculada no período de lactação e os custos, no intervalo entre partos. Até mesmo em rebanhos que apresentam lucratividade média positiva se encontra até 40% das vacas que dão prejuízo. Se essas vacas fossem eliminadas, o lucro seria maior. Texto Anterior: MS declara guerra contra a aftosa Próximo Texto: Inseminação ganha novo treinamento Índice |
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