São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997
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Entre Globo e Manchete, quem se sai melhor é a Globo News

TV paga monta estúdio, evita clichês e mostra mais agilidade

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Na guerra entre Globo e Manchete, quem se saiu melhor, em inúmeras situações importantes, foi a novata Globo News.
No lugar de perguntas "a quente", como dizem os italianos sobre aquelas entrevistas feitas no calor da hora, a Globo News optou por levar seus entrevistados para a tranquilidade de um estúdio, com ar-condicionado, na própria Sapucaí -e se deu bem.
Conseguiu, dessa forma, evitar as entediantes perguntas feitas na concentração ou na dispersão, sobre "como é a emoção de sair na escola?", "este ano, dá para ganhar?" ou, ainda, "mostra aí que você sabe sambar!".
A emissora marcou pelo menos dois gols, nas entrevistas do repórter André Trigueiro com o carnavalesco Joãosinho Trinta e com o prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde. Esse último, parece, gostou tanto do ambiente fresquinho que continuou no estúdio ao fim da entrevista, comentando o desfile da União da Ilha.
A Globo News também demonstrou mais agilidade e objetividade na cobertura no chão, na avenida. Enquanto a Globo exibia inúmeros integrantes da Estácio se abraçando e chorando momentos antes do desfile, na emissora-irmã um repórter explicava a razão de tanta emoção no ar.
É verdade que a camiseta-uniforme dos integrantes da equipe parecia um pijama, mas o maior problema da cobertura da Globo News foi a ânsia de mostrar o "Carnaval pelo Brasil" em momentos-chave do desfile na Sapucaí. Quem está interessado em saber como foi o desfile de blocos em Belém, ou em Florianópolis, quando a Portela se prepara para entrar na avenida?
Sobre a cobertura da Globo e da Manchete, ainda haveria a acrescentar que, cada vez mais diferentes, continuam, ambas, incapazes de dar conta de um evento do tamanho e da complexidade do desfile das escolas de samba.
A Manchete é a emissora ideal para quem aprecia o "trash" -a falta de qualidade involuntária- como um produto cultural.
Na Manchete, imperam a conversa de botequim, os repórteres inexperientes ou mal-educados ("Tu empurra carro há muito tempo?", perguntou uma repórter a um empurrador) e a falta de estrutura ("Deram um tropeção no cabo, mas daqui a pouco a gente volta", dizia Paulo Stein).
Na Globo, o desfile é visto como um produto jornalístico que merece ser tratado com a seriedade e o didatismo que se dá a uma CPI das Precatórias, o que é louvável, mas irremediavelmente chato.
As piadas do repórter-ator Maurício Kubrusly, todas sem graça, mostram que a Globo busca alguma saída para o impasse, mas ainda não a encontrou.

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