São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997
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Bonecos gigantes e escoceses se encontram no Carnaval de Olinda

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM OLINDA

O centro histórico de Olinda (PE) parou ontem para acompanhar um dos mais festejados eventos do Carnaval de Pernambuco, o encontro dos bonecos gigantes.
A festa reuniu cerca de 70 desses personagens. Orquestras de frevo, passistas e palhaços animaram os foliões durante todo o percurso.
A escola de samba de Edimburgo (capital da Escócia) tocou frevo com gaita de fole, os britânicos contribuíram para engrossar o desfile com bonecos de um escocês e do monstro do lago Ness.
O ponto alto ocorreu na rua São Bento, principal foco do Carnaval de Olinda. Em fila indiana, bonecos fizeram evoluções e saudaram o público com reverências antes de desaparecerem.
"Essa é a festa que melhor traduz a dimensão do Carnaval pernambucano", disse o artista plástico Sílvio Botelho, 39, criador da maior parte das figuras que desfilaram ontem na cidade.
Botelho organiza o encontro desde sua criação, em 92. Este ano, ele só lamentou não ter concluído dois novos personagens que pretendia incluir no desfile.
Os homenageados seriam o cantor Chico Science, morto no dia 2, e o jornalista Barbosa Lima Sobrinho, que comemorou 100 anos em janeiro. "Mas em 98 eles estarão aqui, com certeza", afirmou.
Os bonecos surgiram na Europa, possivelmente na Idade Média, afirma o pesquisador Olímpio Bonald Neto em seu livro "Os Gigantes Foliões em Pernambuco".
Naquela época, diz a publicação, os personagens desfilavam acompanhando procissões, cortejos populares ou comemorações locais.
Em Pernambuco, o primeiro boneco gigante a surgir foi o Zé Pereira, criado em 1919 na cidade sertaneja de Belém do São Francisco (a 480 km de Recife).
Dez anos mais tarde, no mesmo local, surgiu o segundo personagem, a Vitalina, que representava a mulher de Zé Pereira, afirma o pesquisador em sua obra.
Em Olinda, o primeiro boneco gigante foi o Homem da Meia-Noite, criado em 32 por dissidentes do bloco Cariri. O nome da figura fazia alusão a um seriado de cinema de mesmo nome.
Segundo o artista plástico Silvio Botelho, os bonecos de Olinda, que pesam de 30 quilos e são confeccionados em isopor e papel machê, homenageiam personalidades. Só um homem, conhecido por chapeado, é responsável pela condução da peça. Estrutura de madeira garante os movimentos e o equilíbrio do boneco.

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