São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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São Caetano interdita três funerárias

FÁBIO ZANINI; CRISPIM ALVES
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

O prefeito de São Caetano (Grande SP), Luiz Tortorello (PTB), determinou ontem a suspensão do alvará de funcionamento de três empresas funerárias envolvidas na falsificação de atestados de óbitos.
A suspensão deverá vigorar até o fim das investigações por parte da polícia sobre as funerárias Oswaldo Cruz, Migliatti e Central.
Em seu despacho, Tortorello afirma que a autorização de funcionamento será definitivamente cassada se as irregularidades forem comprovadas pela polícia.
O delegado Romeu Tuma Júnior, que chefia as investigações, afirmou que apreendeu uma fita na funerária Oswaldo Cruz em que fica comprovado que os funcionários do Heliópolis faziam um verdadeiro "leilão" dos corpos com as funerárias de São Caetano.
"Quem pagava mais ficava com o corpo", declarou Tuma Júnior. A fita, que foi gravada quando os donos da funerária, segundo a polícia, passaram a receber ameaças de morte, será encaminhada ao IC (Instituto de Criminalística).
Tortorello disse que enviará nesta semana à Câmara Municipal projeto de lei criando um serviço funerário municipal. São Caetano é a única cidade no ABCD que não tem serviço municipal.
O ex-diretor do pronto-socorro municipal de São Caetano Edson Raddi disse ontem que acha "estranho" o fato de os atestados de óbito citarem o hospital como local da morte.
O oficial do cartório de São Caetano, Flávio José Grecco, também afirmou que desconhecia o esquema. "O trabalho do cartório é simplesmente registrar a morte, a partir do atestado de óbito assinado por um médico", disse.
Sindicância
O Conselho Regional de Medicina (CRM) abriu ontem uma sindicância para apurar o "esquema Heliópolis".
Monteleoni vai requisitar também uma cópia do inquérito policial para saber se há mais médicos envolvidos no esquema. Martinez, caso seja considerado culpado, terá o registro profissional cassado.
Segundo o CRM, Martinez já respondeu processo por exercício ilegal da medicina e foi condenado a um ano e dois meses. Ele cumpriu a pena em liberdade. O médico foi intimado a depor na 2ª Delegacia Seccional ontem. Mas até as 22h30, não havia comparecido.
(FÁBIO ZANINI, da Agência Folha, e CRISPIM ALVES)

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