São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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Necrotério sofre mudança

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A direção do Hospital Heliópolis mudou todo o corpo de funcionários do necrotério, que seria um dos setores envolvidos na falsificação de atestados de óbito.
Desde ontem, funcionários anteriormente lotados na administração processam uma "intervenção" no setor.
Na última sexta-feira, quando o escândalo foi revelado, a direção do hospital afastou 24 funcionários suspeitos de irregularidades.
Ontem, outros três funcionários foram afastados.
Os 27 suspeitos trabalhavam em quatro setores do hospital: alta, admissão, necrotério e zeladoria.
A direção do hospital também teria proibido que funcionários de funerárias fizessem plantão na porta do necrotério.
"Fomos orientados a não deixar o pessoal das funerárias conversar com os parentes de mortos", afirmou um segurança que se identificou como César. A direção do hospital não confirma a proibição.
Mas outro funcionário do necrotério, que não se identificou, afirmou que ontem foi "o primeiro dia em dois anos" que não havia carro de funerárias de São Caetano no estacionamento do Heliópolis.
Além disso, desde ontem é permitida a entrada de apenas um parente de cada morto no necrotério para cuidar da liberação do corpo.
Falsificação
Segundo o mesmo funcionário, existe falsificação de atestados de óbito no hospital há pelo menos dois anos.
O preço da falsificação dependia do poder financeiro do "cliente". O valor mínimo cobrado seria R$ 100.
O objetivo da falsificação seria agilizar a liberação do corpo e o enterro de pessoas mortas por causas violentas ou por doenças infecto-contagiosas, como Aids e tuberculose.
Nesses casos, o corpo necessita passar pelo IML (Instituto Médico Legal) ou pelo SVO (Serviço de Verificação de Óbito). Com o atestado fácil, o corpo seria liberado mais rapidamente, evitando burocracias.

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