São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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Latas ameaçam luta contra a dengue

AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

O mar de latinhas de cerveja usadas que se espalha pelo país e a lentidão na liberação dos recursos podem derrotar o governo na sua investida contra a dengue. As latinhas vazias e os pneus abandonados, que se enchem com a água das chuvas, são o criadouro preferido do mosquito Aedes aegypti, o transmissor da doença.
A dengue vem sendo considerada a mais ameaçadora das doenças emergentes pelos especialistas reunidos no 33º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, que acontece em Belo Horizonte.
A epidemia é classificada emergente porque é a terceira vez que reaparece com força nos últimos 30 anos.
O primeiro caso da doença foi comprovado laboratorialmente em 1982, em Roraima, com 12 mil vítimas. A segunda epidemia surgiu em 86 e 87 e, em 1994, a doença reaparece com toda a força. Só no ano passado foram 170 mil casos de dengue clássico. Focos do mosquito estão se expandido em 20 Estados da federação.
Depois de erradicar o mosquito por três vezes -em 1955, 63 e 77- no país, a doença se espalha por todo o território.
"Nosso temor é que ocorra uma grande epidemia de dengue hemorrágico no país", diz Antonio Carlos Silveira, coordenador de controle de doenças transmitidas por vetores do Ministério da Saúde. "A era da embalagem só aumenta esse risco."
Recurso
Outra ameaça -tão grave quanto a das latinhas e pneus velhos- é o conta cota dos recursos. "Há 15 anos estamos pedindo dinheiro para a dengue", diz Silveira.
Em 1996, o governo começou a elaborar um plano diretor para a erradicação do mosquito e prometeu R$ 4,5 bilhões para um programa de três anos.
Para este ano, devem ser aplicados R$ 429 milhões, menos de um décimo do prometido.
"Entre 95 e 96, os recursos para saúde e saneamento aumentaram apenas 0,7%", diz João Carlos Dias, presidente do congresso de Belo Horizonte.

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