São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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EUA e Mercosul tentam definir limites

DENISE CHRISPIM MARIN
DA ENVIADA ESPECIAL AO RECIFE

Mercosul e Estados Unidos travam hoje o primeiro embate para definir o ritmo e os limites da abertura dos mercados dos 34 países que formarão a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Os interesses de ambas as forças -divergentes e influenciados pelo tamanho desigual das economias e pelo potencial distinto dos mercados- serão confrontados durante a 2ª Reunião de Vice-Ministros de Comércio em Recife (PE).
Os EUA querem mais pressa e a implementação da Alca em 2005. O Mercosul pede mais tempo, temendo ver seu mercado atulhado de produtos norte-americanos e canadenses, aumento dos pedidos de falência das empresas locais e trabalhadores sem emprego.
O Canadá e o Grupo Andino de Países também devem aumentar as divergências ao defender suas próprias ofertas de negociação.
O martelo será batido nesta reunião preliminar, da qual sairá o documento com as regras de negociação da Alca. Mas, somente em maio, em Belo Horizonte (MG), os chefes de Estado assinarão o compromisso final.
Estratégia
A estratégia do Mercosul é usar o fato de o Poder Executivo dos Estados Unidos ainda não ter obtido o "fast track", instrumento que impede alterações pelo Congresso dos acordos comerciais firmados.
Caso as discussões não tomem o caminho esperado pelos negociadores dos quatro países (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), seus representantes podem pedir o adiamento das negociações.
O trunfo seria justamente a ausência do "fast track" -que ainda pode ser aprovado até maio. Sem esse instrumento, não haveria como fechar um acordo com os EUA por causa do risco de alteração posterior. Para os EUA, a implementação da Alca tem peso econômico. Significa a manutenção de escalas de produção industrial e do nível de emprego por meio do escoamento facilitado de produtos para um mercado com potencial de crescimento, o sul-americano.
Por conta disso, a negociação da Alca pode ter reflexos nas disputas do Partido Democrata do presidente Bill Clinton -nas urnas e no Congresso. O Mercosul assina em baixo a formação da Alca. Mas sabe que os latinos correm o risco de ser engolidos pelos norte-americanos durante as negociações e, em consequência, quando os acordos forem colocados em prática.
O tempo que exigem é o necessário para tocar reformas internas que permitam o ajuste nas suas contas públicas e externas.

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