São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997 |
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A nova imagem do ABC paulista
LUIZ MARINHO Inédita no país, a Câmara Regional do Grande ABC está dando os seus primeiros passos rumo à solução dos problemas vitais que estrangulam o desenvolvimento da mais industrializada região do Brasil.Composta pelos principais agentes econômicos, políticos e sociais do ABC paulista -governo do Estado, prefeituras, Legislativo, organizações representativas dos setores produtivos e sindicatos-, a câmara nasceu do sentimento comum de que já estava na hora de a sociedade assumir, conjuntamente, a responsabilidade sobre o destino de uma parte importante do país. Já em sua concepção, a câmara nos mostrou o papel efetivo a ser desempenhado pela sociedade: tradicionalmente espectadores, os diversos segmentos que compõem o nosso tecido social passam a ter de refletir e formular políticas, funções até então exclusivas dos poderes públicos constituídos. Essa nova e moderna forma de construção de idéias e propostas concretas para uma região vai nos obrigar, ainda, a repensar o nosso limite de "mundo de atuação", até aqui restrito a um município, a um setor da economia e até mesmo a uma só categoria profissional. Os atores envolvidos com a câmara assumiram o compromisso de elaborar um planejamento estratégico para o desenvolvimento regional, com o pressuposto da geração de empregos, rendas e bem-estar social. Acreditamos construir, a curto prazo, uma nova imagem do ABC para o Brasil, por meio de ações conjuntas, criando condições objetivas para tornar a região atraente para novos e maiores investimentos. Por que a Câmara Regional do Grande ABC interessa aos trabalhadores? Em primeiro lugar, porque acreditamos na viabilidade da nova instituição, de composição pluralista e democrática (já estabelecida em seu regimento de funcionamento), que permitirá à classe trabalhadora, representada por seus sindicatos, influir, pela primeira vez, no planejamento da região em que trabalha e reside. Depois, porque é do interesse de todos, principalmente dos trabalhadores, o desenvolvimento econômico do ABC com a justa contrapartida de uma política de geração de emprego, rendas e conforto social. Por fim, nós, metalúrgicos do ABC, especificamente, assumimos, na posse da atual diretoria da entidade, o compromisso de consolidar a nova concepção sindical, em que entendemos o sindicato como agente para a ampliação dos direitos sociais dos trabalhadores. O sindicato-cidadão que queremos pressupõe a inegociável tarefa política de organizar a categoria para as suas grandes lutas, mas, ao mesmo tempo, se abre aos setores que se reivindicam do campo democrático, para a negociação e formação de parcerias para a solução dos graves problemas sociais que a região e o país enfrentam. Foi com esse espírito que procuramos os atuais prefeitos, quando ainda eram candidatos, para expor nossas propostas, entre elas a possibilidade de criarmos 10 mil empregos a médio prazo e abraçarmos a idéia de erradicar o analfabetismo no ABC. Sabemos também que precisamos enfrentar com coragem e ousadia a discussão do chamado "custo ABC" e o papel dos sindicatos verdadeiramente interessados em resolver essa polêmica. Há, ainda, os problemas do trânsito, das enchentes, do meio ambiente, do transporte, as traumáticas vias de acesso à região, a nova pista da Imigrantes no trecho da serra e a modernização do porto de Santos, a criminalidade, entre tantos transtornos inerentes ao "custo ABC". Estas são algumas tarefas que todos, comprometidos com a câmara, deveremos discutir e ponderar, antes de arregaçar as mangas para trabalhar na criação e execução do planejamento estratégico regional do ABC paulista. Texto Anterior: Prevenir ou remediar? Próximo Texto: Recessão fecha 50 bancos na Argentina Índice |
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