São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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Os óbices da reeleição

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Se der a lógica, a emenda da reeleição será votada hoje em segundo turno na Câmara dos Deputados. No máximo, ficaria para amanhã. Deve passar com facilidade, dizem os governistas.
É possível que o número de votos a favor cresça em relação aos 336 do primeiro turno, de 28 de janeiro. Os cálculos do Planalto apontam um placar com mais de 360 votos a favor.
Para se aprovar uma emenda constitucional, são necessários 308 votos entre os 513 deputados da Câmara.
Apesar dessa aparente tranquilidade, não se trata de uma operação simples. Além do mais, passada a emenda na Câmara, começa a batalha dentro do Senado. E essa será, verdadeiramente, outra guerra.
Para resumir, hoje é possível dizer que há dois óbices principais, salvo algum escândalo imprevisível, no caminho suave da emenda da reeleição:
1) CPI dos Precatórios - o governo teme que as investigações respinguem sobre parlamentares e governos municipais e estaduais aliados.
Na realidade, é quase certo que a CPI encontrará algum prefeito, governador ou parlamentar envolvido com os precatórios. É apenas uma questão de tempo. E de vontade política. Por isso, o governo quer votar a reeleição o quanto antes, para que uma coisa não interfira tanto sobre a outra.
2) Senadores - já é quase certo que os senadores darão trabalho. Trata-se de balela essa história de que os senadores só homologarão a emenda.
O próprio presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), admite isso. Acha difícil aprovar, sem modificações, o texto que vier da Câmara. Os senadores estão propensos a impedir que prefeitos e governadores disputem uma reeleição no cargo.
*
Nesta semana termina oficialmente a guerra dos blocos na Câmara. Dia 28, sexta-feira, é a data final.
Nesse ambiente de infidelidade partidária, muitos deputados trocarão de ninho. E o PSDB de FHC ficará cada vez mais parecido com o PMDB que ele desprezou no passado.

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