São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governistas duvidam do poder da 'bancada dos aposentados'

Lobby não contaria com mais de 30 deputados

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Decididos a votar a reforma administrativa em duas semanas, líderes governistas passaram a duvidar do poder da chamada "bancada dos aposentados".
Essa bancada seria composta, supostamente, por 141 parlamentares que acumulariam salários e aposentadorias pagas pelo setor público. Esses parlamentares representariam o maior obstáculo para aprovar a emenda da reforma administrativa na Câmara.
Sob esse pretexto, os parlamentares aliados do governo federal preparam um levantamento para identificar o número exato de deputados que têm duas fontes de renda pagas com dinheiro público.
Segundo dados preliminares dos governistas, o lobby dos aposentados não contaria com mais do que 30 parlamentares.
Relatório
Pelo relatório do deputado Moreira Franco (PMDB-RJ), a soma de aposentadorias e salários pagos pelo setor público não pode ultrapassar o teto de R$ 10,8 mil, o equivalente aos vencimentos pagos a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
No final do ano passado, quando a emenda foi votada na comissão especial, ganhou força a tese de que existiriam 141 deputados nessa situação. Esse número era divulgado pelos próprios líderes do governo federal.
O presidente do Congresso Nacional, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), está pressionando o deputado Moreira Franco a mudar seu relatório e conservar a possibilidade de o Senado continuar a autorizar a emissão de títulos para pagar precatórios (dívidas judiciais).
Pressão de ACM
Moreira Franco propõe que o Senado deixe de fixar as condições para o endividamento de Estados e municípios e passe a fiscalizar esse processo. "Estou vendo o que dá para fazer e chegar num meio-termo, que agrade a todos", disse ontem o relator.
Questionado se a CPI dos Precatórios não é um exemplo de que seria melhor o Senado ficar fora da decisão sobre a emissão de títulos, Moreira desconversou. "Não vou responder isso", disse.
Vai-te embora
O líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE), disse ontem haver consenso entre os partidos que apóiam o presidente Fernando Henrique Cardoso em rejeitar o chamado "extra-teto".
O "extra-teto" seria a possibilidade de algumas categorias (parlamentares e juízes) ultrapassarem o limite salarial de R$ 10,8 mil, fixado pela reforma administrativa.
"Também temos certeza de que não haverá restrições ao teto em si", completou.
Segundo ele, o teto vai criar problemas apenas para quem quer ganhar acima da média.
"Quem quer ser milionário na administração pública tem que sair. Vai-te embora, vai ser funcionário da iniciativa privada e ganhar R$ 40 mil por mês", disse Inocêncio.

Texto Anterior: Aumento é condicionado a Estado enxuto
Próximo Texto: Presidente vai receber papa no Galeão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.