São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Veronelli coordena comilança no Ca'd'Oro

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quem não costuma ir ao restaurante do hotel Ca'd'Oro tem agora uma oportunidade de ouro. Na próxima semana ele comemora seus 44 anos realizando uma respeitável jornada enogastronômica, em que pratos e vinhos dividem o papel principal.
O evento é especialmente atraente por ter a consultoria de uma das maiores autoridades mundiais no assunto, o italiano Luigi Veronelli. Também por acontecer a preços promocionais: a refeição sai por R$ 40 (o que não é muito para os padrões da casa), e os vinhos italianos, importados pela Mistral, custam bem abaixo do habitual.
A participação de Veronelli reveste de um charme especial o festival, que acontece na próxima semana e tem o nome de "La Pacciada di Veronelli alla Ca'd'Oro" (a comilança de Veronelli no Ca'd'Oro). Aos 70 anos, ele é um vigoroso difusor da arte da mesa italiana e da gastronomia em geral, como atesta em mais de cem livros publicados.
Jovial, apaixonado, bem falante, Veronelli está no Brasil para ver pessoalmente o resultado de suas indicações -ele selecionou um elenco de pratos e de vinhos a partir de uma lista inicial enviada à Itália pelo proprietário do hotel, Aurelio Guzzoni.
São pratos da cozinha tradicional e consistente do restaurante, originário da Lombardia (terra dos Guzzoni e também de Veronelli, nascidos em Bergamo).
Não poderiam faltar clássicos do Ca'd'Oro como as codornas à bergamasca (assadas em vinho, servidas com polenta). Mas há também outras sugestões (veja destaque nesta página). Os vinhos recomendados são de produtores de grande prestígio, ainda pequenos, em alguns casos.
Segundo Guzzoni, a decisão de cobrar preços mais baixos pela comida e pelo vinho nesta ocasião visa testar a reação do consumidor. Se o consumo cresce, em particular do vinho, isso pode apontar para um rebaixamento de preços daí em diante no restaurante.
O gesto de sublinhar a junção da comida com os vinhos e trazer Veronelli para pilotar o festival foi feliz. Sua relação com ambos é antiga: aos sete anos, após a primeira comunhão, seu pai lhe deu um copo de vinho ("agora você é homem, já pode beber"), ensinando-o a examinar a bebida, sentir os aromas, o gosto, "sem nunca esquecer o suor do vinhateiro que o produziu".
Aos 18 anos, concluindo o segundo grau, seu pai lhe perguntou que prêmio desejava, certo de que ele pediria um carro. "Pedi uma semana no hotel Savoy de Londres, cujo restaurante era então considerado o melhor do mundo", diz Veronelli.

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