São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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EUA duplicaram embrião humano em 93

VANESSA DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os humanos fazem parte do universo dos replicantes, da qual a ovelha Dolly é o exemplo mais recente, desde 1993.
Nesse ano, pesquisadores americanos da Faculdade de Medicina da Universidade George Washington (EUA) descreveram na revista "Science" como haviam feito cópias de um embrião humano.
O que os cientistas fizeram, entretanto, foi criar uma "fábrica de gêmeos idênticos" em laboratório.
Todos os mamíferos se desenvolvem a partir de uma célula, resultado da união do material genético da mãe e do pai, chamada ovo. Normalmente, essa célula se divide e se diferencia, isto é, se especializa em diferentes funções.
Os gêmeos idênticos surgem porque, logo nas primeiras divisões, essa célula se separa em duas. Cada uma delas continua a se dividir e se diferenciar. Como as duas células vêm de uma única "fonte", são geradas duas crianças iguais.
A diferença do experimento que criou Dolly e o dos americanos é que os embriões replicados em 93 têm um pai e uma mãe, isto é, a célula que foi "replicada" era resultado de uma fertilização in vitro, a união de um espermatozóide com um óvulo no laboratório.
Muitos pesquisadores não chamam isso de clonagem. Para que a clonagem "verdadeira" acontecesse seria preciso que o ser resultante fosse idêntico e descendente de um único indivíduo.
Esse foi o que aconteceu com Dolly, uma ovelha sem pai, gerada a partir de uma célula de mama de um animal adulto.
O que os pesquisadores fizeram foi "forçar" o ovo a se dividir, imitando o que acontece com os gêmeos idênticos.
Na primeira etapa do desenvolvimento, o ovo se divide em duas células chamadas blastômeros. As células ficam unidas por uma camada gelatinosa (zona pelúcida).
Os pesquisadores retiraram essa camada e separam as células. Depois, as recobriram novamente com uma zona pelúcida artificial e as colocaram em uma solução de nutrientes. O resultado foi, dali um tempo, um embrião com 32 células, estágio no qual ele já pode ser implantado no útero.
Os cientistas também tentaram fazer o experimento com ovos em estágio mais avançado, quando contêm quatro e oito blastômeros. Mas os embriões não chegaram a se desenvolver até o estágio em que poderiam ser implantados.
Mesmo que fosse permitido implantá-lo num útero, isso não teria sido possível porque o ovo original era "defeituoso", resultado da fertilização de um óvulo por mais de um espermatozóide.
Esse embrião foi destruído, mas a técnica para replicar embriões havia sido criada.

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