São Paulo, quinta-feira, 6 de março de 1997 |
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DEPOIMENTOS "O festival não financia filmes, mas é um ponto de encontro daqueles -criadores e investidores potenciais- que trabalham fora dos circuitos tradicionais. Assim, Cannes é uma das fortalezas que protegem o cinema que amamos. Espero que ela resista." Francis Ford Coppola, no livro "Le Roman de Cannes" "Agora que não gosto quase nada de viagens, quando se trata de ir a Cannes meu coração sempre bate mais forte. Sei que poderei lá reencontrar o céu e o mar magníficos, meu hotel de sempre, estupendo, comida deliciosa e meus formidáveis amigos cineastas vindos do mundo inteiro. Antes de tudo, reencontrarei esta França e estes franceses que 'amam Kurosawa e o cinema dele'. Quando me acolhem tão calorosamente, tenho a impressão de ouvir: 'Senhor Cannes, feliz de revê-lo! Fez boa viagem?' E afirmo para mim mesmo, do fundo do coração, que isso faz valer a pena continuar a fazer filmes até hoje." Akira Kurosawa "'A Louca Escapada' foi apresentada em Cannes em 1974, mas eu não pude viajar. Antes da première mundial de 'E.T., o Extraterrestre', eu jamais havia ido a Cannes -mas que belo lançamento foi aquele! Recebi um curto e precioso telegrama de François Truffaut que dizia: 'Este lugar é mais seu do que meu'. Era uma das réplicas dele em 'Contatos Imediatos de Terceiro Grau', aquilo me fez rir e me emocionou. Eu estava nervoso demais para assistir à projeção. Fiquei no quarto tentando reunir alguma coragem. Finalmente não pude mais e me dirigi a pé à sala. Cheguei no exato momento em que a sessão terminava. Nada que fiz, antes ou depois, recebeu a acolhida que os franceses reservaram naquela noite para 'E.T.'. Ao fim do filme -era também o fim do festival-, o público aplaudiu de pé por 15 minutos. Eu me levantava, agradecia, as pessoas continuavam a aplaudir, eu voltava a levantar, não sabia onde me meter, dizia aos que me cercavam para levantar e agradecer. Meus olhos pousaram então na única pessoa que não aplaudia. Ele tinha, no meio da multidão ainda no escuro, uma pequena chama. Era Jerry Lewis, que sorria e mantinha um isqueiro aceso com o braço estendido. É uma visão que me emociona sempre que lembro." Steven Spielberg "Se Cannes fosse uma mulher, seria uma santa ou uma puta? Impossível responder. Ela é... o efeito que ela tem sobre você. Pessoalmente não vejo Cannes se enredando num casamento burguês (...) Cannes muda, evolui, todos os dias. Basta observar o que as pessoas pedem num restaurante depois da sessão para saber se o filme foi bom..." Billy Wilder Texto Anterior: Novo Luc Besson abre festival Próximo Texto: 'Perdoa-me' diz adeus a SP Índice |
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