São Paulo, sábado, 8 de março de 1997
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Revelada conexão Ramos-Perfil-Vetor

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Cópias de documentos obtidas pela Agência Folha reforçam a tese de que o esquema para a venda de títulos públicos em Pernambuco foi articulado em torno do ex-coordenador da Dívida Pública de São Paulo Wagner Baptista Ramos.
Os papéis revelam que o banco Vetor, a corretora Perfil e a empresa SMJT se organizavam para a emissão dos papéis desde dezembro de 1995, três meses antes do lançamento dos títulos. Correspondências e contratos mostram também que o Vetor tinha interesse específico na contratação de Ramos, tido como especialista em operações para captação de recursos.
Em carta enviada a Ramos no dia 21 de dezembro de 1995, o banco manifesta o desejo de contratá-lo para assessorar a instituição na colocação no mercado de títulos de "governos estaduais, do nosso relacionamento". No dia 27, Ramos responde ao Vetor e informa que não pode trabalhar para o banco por já estar ligado a outra instituição financeira -a corretora Perfil, que o havia contratado dia 10 de julho daquele ano.
Menos de duas semanas depois, em 8 de janeiro de 1996, Wagner Ramos elabora uma declaração, em papel timbrado da Secretaria de Finanças de São Paulo, atestando a suposta experiência do Vetor. No dia seguinte, a Perfil consulta a SMJT sobre a possibilidade de contar com sua ajuda para a eventual emissão de títulos de Pernambuco. Novos entendimentos são mantidos entre Ramos e o Vetor, e entre a corretora Perfil e a SMJT. As empresas definem os percentuais para participação no negócio e assinam contratos.
No acordo entre a Perfil e o Vetor, assinado no dia 24 de janeiro do ano passado, o banco exige, para a manutenção do contrato, que Wagner Ramos seja mantido pela corretora. Outra cláusula garantia à corretora o direito de não revelar ao Vetor seu know-how para a emissão dos títulos.
Pelo trabalho, ficou acertado que a Vetor receberia 45,45% da comissão paga ao banco. Segundo a Secretaria de Fazenda de Pernambuco, o Vetor, contratado sem concorrência em junho de 1996, recebeu R$ 22,1 milhões de comissão para emitir 480 mil títulos. O governo pernambucano sustenta que nada fez de irregular e alega que foi o banco quem procurou o Estado, ainda em 1995, para propor o negócio.

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