São Paulo, sábado, 8 de março de 1997
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País terá 1 mulher com Aids por homem

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil vai ter no ano 2000 uma mulher portadora do vírus da Aids para cada homem, se o número de mulheres que são infectadas pelo vírus HIV (que causa a Aids) continuar a aumentar no mesmo ritmo registrado nos últimos sete anos.
Segundo pesquisa do Unaids (órgão das Nações Unidas para a Aids), 40% das novas infecções que aparecem diariamente no mundo atingem mulheres -sobretudo as que estão entre os 15 e 25 anos.
O crescimento no ritmo de contaminação das mulheres assustou o Ministério da Saúde, que decidiu criar no mês passado um comitê assessor para planejar exclusivamente campanhas preventivas sobre a doença voltadas para o público feminino.
Em 1983, quando foram registrados os primeiros casos da doença no Brasil, a proporção apontada era de 40 homens com Aids para cada mulher portadora do vírus da doença.
Nos últimos três anos, essa diferença caiu. A proporção de portadores da doença caiu para 3 homens para cada mulher.
"Mantida a tendência, a razão alcançará 1 para 1 até o ano 2000", afirmou Pedro Chequer, coordenador do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde.
Segundo Chequer, há dois motivos principais que explicam o crescimento no ritmo de contaminação feminina no Brasil.
A primeira é o aumento no número de mulheres infectados por causa do uso de drogas injetáveis a partir da segunda metade da década de 80.
Além disso, também cresceu em ritmo acelerado o número de mulheres que contraíram o vírus por via sexual em relações heterossexuais.
Em seguida, vêm Rio de Janeiro (14%), Minas Gerais (7%), Rio Grande do Sul (6%) e Santa Catarina (4%).
A forma mais comum de contágio feminino ainda é a relação heterossexual, responsável por 53% dos casos.
A maioria das mulheres infectadas por via sexual, vivia com parceiros usuários de drogas injetáveis ou que mantinham relacionamento com múltiplas parceiras.
Segundo Chequer, em todo o mundo, a relação heterossexual é a forma de transmissão que mais tem contribuído para a "feminização" da epidemia.
"Mas há outros fatores que também determinaram a mudança. Há uma progressiva pauperização da epidemia, que passou a atingir mulheres com níveis de escolaridade cada vez mais baixos. São mulheres que têm sua vulnerabilidade aumentada por causa da marginalização sociocultural", disse Chequer.

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