São Paulo, sábado, 8 de março de 1997
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Atestado falso pode encobrir golpe em seguro

Funerária guardava papéis de mortos

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia suspeita que a quadrilha presa em Carapicuíba (Grande SP), acusada de falsificar atestados de óbito, tenha cometido também fraude contra o seguro obrigatório ou até seguros pessoais.
O seguro obrigatório é aquele que indeniza famílias de pessoas mortas em acidentes de trânsito, inclusive atropelamentos.
A suspeita surgiu após apreensão de diversos documentos na funerária Souza, que foi lacrada pela polícia depois da prisão em flagrante de sete pessoas (duas delas donas do estabelecimento).
No interior da funerária, a polícia encontrou uma caixa cheia de carteiras profissionais, cédulas de identidade e certidões de nascimento de pessoas que morreram.
Além disso, foram apreendidos diversos comprovantes de pagamento do seguro obrigatório. Todos relativos à via que deveria estar com a família. Os valores variavam entre R$ 1.500 e R$ 5.000.
"Os documentos pessoais não deveriam estar lá. É bem esquisito, principalmente por causa dos comprovantes de pagamento", disse o delegado Romeu Tuma Jr., responsável pela investigação.
Segundo o delegado, há um caso comprovado em que a funerária ficou com uma parte do seguro e pagou o restante à família.
Fragilidade
As suspeitas de fraude aumentam, segundo a polícia, pelo fato de um dos donos da funerária, Sérgio de Souza, ser advogado.
"Ou simplesmente falavam para a família que iriam 'cuidar' do trâmite burocrático, recebiam o valor do seguro e não pagavam nada."
A polícia está fazendo agora uma análise minuciosa da extensa documentação, cerca de 30 caixas de papelão, apreendida na funerária.
Comprovadas novas irregularidades, os sete presos, já acusados de formação de quadrilha e falsidade ideológica, podem ser indiciados também por estelionato.
Tuma Jr. acredita ainda que na funerária funcionava um IML clandestino, para embalsamamento de cadáveres. No local, foram encontrados vários instrumentos cirúrgicos, galões de formol e serragem.
A polícia descobriu as quadrilhas que falsificam atestados de óbito ao apurar um caso no Hospital Heliópolis.

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