São Paulo, sábado, 8 de março de 1997
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Grupo Galpão celebra 15 anos levando Molière a Tiradentes

Companhia estréia seu novo espetáculo na cidade mineira

ERIKA SALLUM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Há 15 anos, um grupo de atores resolveu apostar em um projeto arriscado: fazer teatro popular no Brasil.
Hoje, o mineiro Galpão, se não atingiu o estrelato de artistas globais, pelo menos carrega o título de um dos grupos mais conceituados do gênero no país.
Com ar de debutante, a companhia comemora o aniversário com seu mais novo espetáculo, que estréia hoje na cidade mineira de Tiradentes: "Um Molière Imaginário", adaptação da peça "O Doente Imaginário", de Molière.
O espetáculo participa, nos dias 13 e 14 deste mês, do Festival de Teatro de Curitiba.
Assinando -e estreando- na direção, está o ator Eduardo Moreira, um dos fundadores do Galpão e que já fez o papel de Romeu em "Romeu e Julieta", montagem feita pela companhia em 1992 sob a batuta de Gabriel Villela.
Foi com essa peça, aliás, que o grupo se tornou "habitué" de jornais e revistas das principais capitais do Brasil, lotando praças e teatros por onde passava.
Seja qual for o texto encenado, a companhia se mantém fiel ao conceito popular, mesclando elementos circenses, teatro de rua, mímica, bonecos etc.
"Desde nossa fundação, conservamos essa linguagem, mesmo com os perigos que o termo carrega", define o ator e diretor Eduardo Moreira.
Segundo ele, o êxito do grupo se deve exatamente às características que adotaram e, especialmente, à carência do público por teatro popular: "Esse mercado pouco explorado amplia nossa área de atuação".
Molière
Adaptado por Cacá Brandão, também integrante da companhia, "Um Molière Imaginário" será apresentado na frente da igreja Nossa Senhora das Mercês, em Tiradentes.
Mantendo o mesmo enredo do texto clássico, nessa versão brasileira Molière entra em cena para conversar com o protagonista.
"Vamos misturar do circo à ópera, tudo com muita música e cores", avisa o diretor.
A escolha de um texto do dramaturgo francês Molière (1622-1673) para celebrar os 15 anos da companhia não foi por acaso.
"Ele foi uma figura emblemática do teatro. Mambembou pela Europa, recusando-se a seguir a profissão do pai, que era tapeceiro do rei", explica Moreira.
Assim como em "Romeu e Julieta", cuja estréia aconteceu em Ouro Preto, mais uma vez o Galpão escolhe uma cidade histórica para inaugurar uma peça.
"Além de ser um cenário muito bonito, queremos chamar a atenção para o valor histórico de lugares como esse", finaliza Moreira.

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