São Paulo, sábado, 8 de março de 1997 |
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Bomba em Pequim mata 2 e fere 8
JAIME SPITZCOVSKY
A polícia chinesa isolou a rua na qual ocorreu a explosão e mobilizou pelo menos 100 policiais para patrulhar a região. Montou ainda bloqueios em diversos pontos de Pequim, para revistar carros e checar documentos. Até 1h30 de sábado em Pequim (14h30 de ontem em Brasília) ninguém havia assumido a autoria do atentado. A explosão atingiu um ônibus da linha 22, quando ele circulava pela avenida Xidan Norte, uma das principais zonas comerciais de Pequim. Ele estava perto de uma parada -não se sabe se estava chegando ou acabando de sair. Em 25 de fevereiro, três explosões atingiram ônibus que circulavam em Urumqi, a capital da região de Xinjiang Uygur (noroeste do país). Separatistas muçulmanos assumiram a autoria dos atentados, que deixaram pelo menos nove mortos e 74 feridos. A polícia chinesa anunciou que sete pessoas foram presas, acusadas de envolvimento nos atentados de Urumqi (pronuncia-se urumtchi). Essas explosões ocorreram quando, em Pequim, eram realizadas as principais cerimônias em homenagem a Deng Xiaoping, o dirigente comunista que morreu a 19 de fevereiro aos 92 anos. Deng Xiaoping deslanchou, em 1978, as reformas pró-capitalismo, mas manteve o poder monopolizado nas mãos do Partido Comunista chinês e reprimiu atividades nacionalistas de minorias como os uigures (muçulmanos do Xinjiang) e os tibetanos. No começo de fevereiro, repressão a protestos separatistas no Xinjiang Uygur deixou pelo menos nove mortos e 198 feridos. Os ativistas uigures afirmam que 200 pessoas morreram nos choques com a polícia chinesa, numa das maiores ondas de violência na região desde 1949, quando os comunistas chegaram ao poder. Os uigures e outras etnias muçulmanas formam 59% da população do Xinjiang. Os chineses de etnia han (maioria no país) somam 38% dos habitantes. Os separatistas querem recriar a república do Turquestão Oriental, que existiu entre 1944 e 1949. Pequim diz que mantém laços com a área desde o século 1º a.C. Principais suspeitas da autoria do atentado de ontem recaem sobre ativistas uigures. Eles teriam prometido "vingar" as mortes ocorridas na repressão aos protestos de fevereiro e buscariam pressionar um governo preocupado com a manutenção da estabilidade no começo do período pós-Deng. O policiamento em Pequim foi reforçado depois da morte de Deng e o governo ainda ampliou o esquema de segurança com a reunião anual do Congresso Nacional do Povo (Parlamento), que ocorre atualmente na capital chinesa. No dia 25 de dezembro, uma atentado a bomba ocorreu em Lhasa, capital do Tibete (sudoeste). Não houve feridos. A China apontou os seguidores do Dalai Lama, líder espiritual de nacionalistas e budistas tibetanos, como responsáveis pela explosão. O Dalai Lama, que vive exilado na Índia, negou envolvimento de seus fiéis no atentado. O atentado de ontem é o maior desafio para as forças de segurança chinesas desde as manifestações pró-democracia da praça Tiananmen, reprimidas em 1989. Texto Anterior: Pastor escreve artigo anti-euro Próximo Texto: Cometa gigante já brilha nos EUA e Europa Índice |
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