São Paulo, sábado, 8 de março de 1997
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RIO 1997

Não é raro que nações jovens como o Brasil passem rapidamente da extrema euforia à depressão. Eliminado do grupo final das cidades que aspiram à organização dos Jogos Olímpicos de 2004, é preciso que o Rio de Janeiro não se renda a um refluxo de expectativas quanto a seu futuro.
Afinal, nos últimos meses, o cronograma de reformas urbanas e a agenda social pareciam em boa parte estar gravitando em torno da possibilidade de a cidade receber a primeira Olimpíada do próximo século.
Desde que se candidatou ao projeto, a cidade viveu ápices de entusiasmo, quase comparáveis aos registrados após as conquistas dos campeonatos mundiais de futebol de 1970 e 1994.
E, de fato, não há como negar uma certa semelhança entre a recente campanha Rio 2004 e a jornada do tricampeonato mundial. Alguns patrocinadores da candidatura do município chegaram a transformar uma façanha do mundo esportivo em uma panacéia ou, no mínimo, um alívio para todos os males. A jornada no México em 1970 cumpriu em boa parte essa suspeita tarefa.
O presidente do comitê Rio 2004, na reunião de quinta-feira em Lausanne, já idealizava: "Queremos a Olimpíada para mudar a nação". Foi acompanhado no excesso de confiança até mesmo pelo ministro dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento (atleta símbolo da conquista no México): "É a chance de mudar uma nação", afirmou Pelé.
Mas parece claro que se tornar sede de uma disputa olímpica não é a única motivação para uma cidade importante como o Rio combater suas inúmeras e graves carências sociais.
Independentemente das possíveis razões de cunho esportivo, é fundamental que a capital fluminense preserve o espírito cívico demonstrado durante os últimos meses da campanha e se mobilize para procurar caminhos pelos quais possa sanar ao menos parte de seus inúmeros e graves problemas sociais.

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