São Paulo, sábado, 8 de março de 1997 |
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O príncipe da conciliação
CLÓVIS ROSSI São Paulo - A primeira reportagem que escrevi sobre política interna brasileira teve como personagem Fernando Henrique Cardoso, lá pelos idos de 77 ou 78. Antes, era chefe ou fazia coberturas internacionais.De lá até a sua posse, em janeiro de 95, as conversas foram constantes, até porque FHC foi se tornando mais e mais político e menos e menos acadêmico. Antes, claro, havia lido alguns de seus textos. Tinha, por isso, a ilusão de que mais ou menos conhecia a figura. Engano. Descubro agora que o FHC presidente deveria ter sido muito mais previsível porque, se mudou algumas concepções, não mudou em absoluto o seu comportamento de príncipe da conciliação. Descoberta possível graças à leitura de "Fernando Henrique Cardoso - o Brasil do Possível", da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni, que a "Nova Fronteira" está lançando no Brasil. Que FHC é um sedutor, nenhuma novidade (sem conotação de sacanagem, por favor). Conversar com ele, antes de tomar posse, sempre me produziu a sensação de que não estava perdendo, mas ganhando, na troca de idéias. Mas que, desde criancinha, fosse um empedernido conciliador, é algo que me surpreende. É verdade que Maria da Conceição Tavares, hoje deputada pelo PT-RJ, já havia dito que, desde os tempos acadêmicos, FHC sempre tentava a síntese impossível entre as posições de, digamos, um stalinista convicto e um liberal de carteirinha. Mas podia ser apenas um exagero de Maria da Conceição, que é, ao contrário de FHC, um permanente furacão. Nada contra a conciliação. Mas ela é a gênese da "utopia do possível" em que FHC insiste sempre e me irrita sempre. O livro serviu também para me irritar mais ainda. O "possível" qualquer um consegue. Quem tem uma biografia como a que aparece no livro deveria querer mais, muito mais. Texto Anterior: RIO 1997 Próximo Texto: Gilberto Miranda - 2 Índice |
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